Felipe Castanhari, 30 anos, já é bastante conhecido do público pelo seu canal no YouTube, o Nostalgia, que acumula 13 milhões de inscritos. Na plataforma, ele fala sobre assuntos científicos e históricos, abordando temas curiosos e que até já foram alvo de teorias da conspiração. O mesmo viés agora é transportado para o streaming com a série Mundo Mistério, que estreia na Netflix na próxima terça-feira (4) como uma versão mais turbinada dos seus vídeos na internet.
Multitarefa, o youtuber e apresentador é responsável pela criação, direção, roteiro, produção, pesquisa e até foi editor em alguns episódios - o que o exigiu que se afastasse por dois anos do seu famoso canal, mantido há nove anos.
— É o projeto mais complicado, mais trabalhoso, mais desafiador que eu já fiz. Me envolvi o máximo que eu pude em diversas áreas. É o trabalho da minha vida, pois eu coloquei tudo de mim nessa série, utilizei todo o conhecimento adquirido nos últimos anos — disse Castanhari em entrevista por vídeo a GaúchaZH.
Em oito episódios, serão falados de temas como os desaparecimentos no Triângulo das Bermudas, a peste bubônica que dizimou a população na Idade Média e a possibilidade de um apocalipse zumbi. Tudo é tratado sob a luz da ciência e da história, mas de uma forma mais divertida e didática.
Críticas
Por abordar esse tipo de conteúdo na internet – e agora, no streaming – e não ter formação nas áreas, Castanhari é alvo frequente de críticas do público, que questionam a atuação de influenciadores digitais em conteúdos que exigem um diploma acadêmico. Porém, o youtuber afirma que sempre deixou claro que possui um time de especialistas lhe dando suporte.
— Nunca falei que eu era especialista, sou um apresentador, um diretor. O meu objetivo sempre foi trazer assuntos do meu interesse de forma simples. Todos os conteúdos que eu já fiz na minha vida tiveram a consultoria e a revisão de especialistas que eu contratei — explicou.
Em Mundo Mistério, não foi diferente: por trás de cada episódio, há uma equipe de profissionais específicos, como médicos, historiadores, professores, paleontólogos, que foram contratados para auxiliar os roteiristas a desenvolver os assuntos.
— Cada especialista dessas áreas prestou um trabalho de pesquisa, onde a gente tinha que ler essa pesquisa para escrever o episódio e durante o processo de gravação a gente consultava esses especialistas o tempo inteiro — relembrou.
— Não somos cientistas. A ideia é que a gente consiga digerir o tema, entender o tema e explicar ele da forma mais simples. E a gente só conseguiu fazer isso porque a gente tem um especialista do nosso lado — reforçou Castanhari.
Inspiração
Um programa famoso dos anos 1990, principalmente entre as crianças, serviu de inspiração para a montagem do esqueleto de Mundo Mistério. O Mundo de Beakman, que foi exibido no Brasil na TV Cultura, mostrava um excêntrico cientista ilustrando conceitos básicos da ciência e da natureza por meio de experimentos lúdicos.
Assim como na antiga atração, Castanhari compartilha e discute os temas com personagens que, apesar de fictícios, possuem um papel importante na série: a doutora Thay (vivida pela atriz Lilian Regina), Betinho (Bruno Miranda) e a inteligência artificial B.R.I.G.G.S (vivida pela voz do famoso dublador Guilherme Briggs).
— Eles ajudam a quebrar um pouco essa densidade de conteúdo e, ao mesmo tempo, têm objetivos bem claros na série. O Betinho é um personagem mais simples, representa a voz do público com dúvidas em geral. Já a Lilian representa o especialista, é uma cientista mulher, negra, o que é superimportante em termos de representatividade. Ela é uma autoridade, é a criadora do B.R.I.G.G.S — explicou o criador do seriado.
A segunda temporada de Mundo Mistério ainda não foi confirmada, mas Castanhari aguarda com expectativa:
— Espero que as pessoas curtam o formato. Seria legal poder usar toda a experiência que eu adquiri nessa primeira temporada em uma próxima — finalizou.
Assista ao trailer: