Adriana Birolli, 33 anos, está tendo a oportunidade de ver reprises de seus trabalhos na televisão pela primeira vez, e em dose dupla. A atriz está no ar atualmente nas novelas Fina Estampa (2011-2012) e Totalmente Demais (2015-2016), e afirma que finalmente está podendo se divertir assistindo.
— Poder assistir com o distanciamento do tempo é maravilhoso, e agora posso dizer que sou mais crítica quando estou gravando, porque eu assisto analisando para voltar e fazer um trabalho ainda melhor no dia seguinte. Agora, estou podendo curtir e me divertir, está sendo uma experiência maravilhosa.
Birolli diz que ficou surpresa com a oportunidade de ver uma reprise sua pela primeira vez. Curiosamente, em dois trabalhos bem diferentes. Se em Fina Estampa ela dá vida à boazinha e ingênua Patrícia, em Totalmente Demais ela interpreta a megera Lorena, que dirige um site de fofoca e persegue Carolina (Juliana Paes).
A atriz afirma que tem um carinho especial pelas duas personagens, mas recorda também a pressão que sentiu ao fazer Patrícia, após o sucesso em sua estreia nas novelas, como a vilã Isabel, de Viver a Vida (2009-2010).
— Foi uma rara e bela oportunidade de mostrar outro lado da minha atuação.
Mas agora, assistindo de forma menos crítica, como ela mesma diz, Birolli afirma estar muito feliz com sua atuação, e confessa que fazer Lorena foi completamente diferente: "uma diversão". Segundo a atriz, uma oportunidade de usar o que já viveu com muitas jornalistas "maldosas e causadoras a qualquer custo".
No fim das contas, Birolli diz que não tem uma preferência por interpretar vilãs ou mocinhas. Segundo ela, o importante é ser uma boa personagem, com uma boa história.
— Não tenho preferência, não. Recebi muito carinho do público com minhas personagens, só tenho a agradecer - diz.
Distanciamento social e arte
O último trabalho de Birolli foi na novela Jezabel (Record, 2019), mas ela estava tocando alguns outros projetos quando começou a pandemia da covid-19. Hoje está tudo suspenso: as leituras semanais de textos de teatro, apresentações de espetáculos teatrais ao ar livre e festas temáticas.
A atriz vinha tocando o projeto cultural Casona House, em sua própria casa, no qual utiliza alguns espaços como cenário para as peças, leituras e festas. Ela também estava começando dois projetos de cinema e um de teatro.
— Agora vamos ter que aguardar para ver quais projetos vão ter continuidade — afirma.
Em isolamento social em sua casa no Rio de Janeiro, Birolli diz que tem usado esse tempo para "colocar a vida em ordem". Segundo ela, refletir sobre as coisas, organizar a casa, consumir arte.
— Alguns momentos a gente fica meio cansado de tudo isso, mas temos que passar por isso da melhor forma possível — diz. — Acho que temos uma possibilidade de um novo mundo depois disso. Respeite quem está passando a quarentena com você e, se preciso, peça para ser respeitado. Vamos plantar o que queremos colher depois que tudo passar. Então ajude! Ajude quem você puder, da forma que puder. O pouco para uns é muito para outros.
Entre os que precisam de ajuda, a atriz pede que a classe artística seja lembrada e destaca que, apesar do que muitos imaginam, apenas 2% dos artistas são privilegiados, enquanto 98% de pessoas passam muita dificuldade, mesmo em épocas sem pandemia ou coronavírus.
— Eu queria que a gente tivesse um blackout de 24 horas sem arte. A verdade é que a cultura está salvando a sanidade de muita gente. Mas ainda assim acho que no Brasil a cultura não vai ser valorizada como merece. Não existe essa consciência. Quem está lá em cima não tem o menor interesse em nos valorizar.