Em 2017, Thereza Falcão e Alessandro Marson faziam sua estreia como escritores principais de uma novela na Globo. No horário das 18h, conhecido por abrigar novelas de época, entrava no ar Novo Mundo, que misturou ficção e realidade para mostrar os acontecimentos que levaram à independência do Brasil, tendo como protagonista Dom Pedro I, vivido por Caio Castro.
Menos de três anos depois, os autores decidiram seguir o curso da história e avançar alguns anos, com Dom Pedro II (Selton Mello) no comando do Brasil imperial. Assim surgiu Nos Tempos do Imperador, que iria substituir Éramos Seis, encerrada na sexta-feira (27). Porém, com a suspensão das gravações de novelas por conta da pandemia do coronavírus, a nova trama teve sua estreia postergada.
Novo Mundo, então, foi escolhida para retornar à faixa horária em uma edição especial. Mais que uma reprise, a produção vai preparar o terreno para o próximo folhetim histórico, contextualizando os dois períodos e a passagem do bastão do reinado do Brasil de pai para filho.
— As pessoas vão conhecer personagens que em Novo Mundo eram crianças, cresceram e terão suas tramas desenvolvidas em Nos Tempos do Imperador. Vão poder entender melhor Dom Pedro II, criado para ser tão diferente do pai, e ver a diferença entre o Brasil de 1820 e o de 1860 — diz Alessandro Marson no material enviado pela Globo à imprensa.
— É uma oportunidade de refrescar a memória de quem já assistiu e cativar um público futuro para a próxima. Novo Mundo é uma novela cheia de aventura, romance, muito humor e personagens que ficaram muito queridos de todos — complementa Thereza Falcão.
O professor e mestre em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Marcelo Etcheverria comenta em entrevista a GaúchaZH a diferença entre os dois períodos históricos que poderão ser revistos em Novo Mundo e, no futuro, observados em Nos Tempos do Imperador:
—O Dom Pedro II é um espelho da mãe, Leopoldina, e a antítese do pai, Dom Pedro I, que era um beberrão, mulherengo e descuidado com os gastos. Dom Pedro II foi o oposto disso, não gostava de festas e era extremamente rigoroso com os gastos e nunca aceitou que dinheiro nenhum fosse tirado dos cofres do Império para pagar as próprias contas.
Relembre a trama e os personagens
A novela começa mostrando a viagem da arquiduquesa austríaca Leopoldina (Leticia Colin), que atravessou o Atlântico para se unir ao príncipe-regente Dom Pedro no Brasil. Os dois já haviam se casado por procuração, sem se conhecer, depois de um acordo político entre as duas nações. Na novela, Leopoldina é mostrada com um papel de destaque na luta pela separação de Portugal.
— É uma personagem bastante interessante da história brasileira e que durante muito tempo foi esquecida. Na verdade, todas as mulheres foram esquecidas na nossa história, seja por machismo de uma geração de historiadores e hoje essas figuras estão sendo resgatadas — explica Etcheverria.
No mesmo navio que leva a futura princesa Leopoldina a outro continente, dois jovens embalam o setor apaixonado da trama: a professora de português Anna Milmann (Isabelle Drummond) e o ator Joaquim Martinho (Chay Suede). As vilanias ficam por conta de Thomas (Gabriel Braga Nunes), oficial da marinha inglesa que vem para o Brasil a serviço da Inglaterra e como espião de Portugal, para tentar impedir que o país se torne independente.
Na Estalagem dos Portos, um dos estabelecimentos comerciais mais mal afamados da corte, estão Elvira (Ingrid Guimarães), Germana (Vivianne Pasmanter) e Licurgo (Guilherme Piva), personagens que compõem o núcleo responsável por arrancar risadas do público.
Babu Santana, atualmente na disputa do Big Brother Brasil 20, também fez uma ponta em Novo Mundo. Ele interpreta Jacinto, capataz que faz trabalhos sujos para o vilão Thomas.