Nova York, 1977. Ano lembrado pelo lançamento de Star Wars, do punk, das discotecas, do surgimento do hip hop na ruas. Um período frequentemente dramatizado no cinema e na televisão pelas mudanças culturais e sociais. Hunters, nova série da Amazon Prime Video, novamente se aproveita da época como cenário, turbinada com o nome de Al Pacino no elenco e promovendo uma trama de perseguição a nazistas e desejo de vingança.
Criada pelo novato David Weil e produzida por Jordan Peele (vencedor do Oscar em 2018 como Melhor Roteiro Original por Corra!), o seriado estreia nesta sexta-feira (21) com 10 episódios, inspiração em fatos reais e pessoais, com ares de histórias em quadrinhos e violência exagerada que lembra os filmes de Quentin Tarantino.
A história
Pacino encarna Meyer Offerman, judeu sobrevivente ao Holocausto que lidera um grupo de caçadores de nazistas. Eles começam a perseguir oficiais do alto escalão de Adolf Hitler que estão tramando um Quarto Reich nos Estados Unidos. Jonah Heidelbaum (Logan Lerman), um jovem nerd e judeu, morador do Brooklyn, se alia aos Caçadores (como o grupo é chamado) para vingar a morte da avó, sobrevivente ao Holocausto e assassinada por um homem misterioso.
Outro núcleo da trama gira em torno da agente do FBI Millie Malone (Jerrika Hinton, de Grey's Anatomy), uma mulher negra que busca espaço em um ambiente dominado por homens e que descobre a ação dos caçadores.
Clima de HQ
Weil se inspirou em sua própria trajetória para dar vida à série Hunters. Em entrevistas, o escritor afirmou que cresceu ao lado de uma avó sobrevivente do genocídio de judeus promovido na Segunda Guerra Mundial. Quando pequeno, ouvindo as histórias da avó, ele imaginava toda uma trama de super-herói.
— Era um mundo de bem e um grande mal, um mundo de muita morte, sofrimento e trevas, mas um mundo onde a esperança era possível se assumíssemos a responsabilidade de fazê-lo — disse o escritor ao The New York Times.
Na série, há uma inspiração em reais caçadores de nazistas e também lembra os campos de concentração que mataram milhões de judeus na guerra.
Crítica dividida
Jornais norte-americanos e sites especializados que tiveram acesso à prévia de Hunters antes da estreia confirmam que a produção é recheada de elementos ao folclore das histórias em quadrinhos. Há referências a Batman, por exemplo. Os personagens carregam características de especialistas ou salvadores. Porém, as opiniões sobre a qualidade do seriado são divergentes.
Para o NYT, "por mais brincalhão que seja, Hunters é intensamente sério. Flashbacks estabelecidos em campos de concentração são inigualáveis. A vingança é um dilema moral servido frio e ensopado de sangue, tudo em um momento em que, no mundo real, os crimes antissemitas estão aumentando".
Já o site TV Guide afirmou que a série é uma imitação das obras de Quentin Tarantino: "Misirlou, música de Pulp Fiction, é usada na trilha sonora em um ponto. A trama de vingança nazista é uma reminiscência de Bastardos Inglórios. Hunters faz você se sentir como se estivesse assistindo a um imitador de Tarantino realmente longo, sem o humor e a audácia do diretor."
A revista Time considerou que algumas caracterizações da produção parecem "superficiais ou subdesenvolvidas", reclamando de um certo exagero na mistura entre ação e comédia.
E Al Pacino?
Beirando os 80 anos de idade, Al Pacino mostra que está acompanhando a evolução de sua profissão. Recentemente, brilhou nas telas da Netflix em O Irlandês, de Martin Scorsese, rendendo-lhe sua nona indicação ao Oscar. Vale a pena conferir Hunters só pelo peso do nome do ator.
Veja o trailer: