De um lado, Carminha (Adriana Esteves), uma vilã capaz de abandonar a enteada órfã em um lixão, mas que ao mesmo tempo é muito inteligente, cara de pau, corajosa e divertida. Na outra ponta, Nina (Débora Falabella), uma mocinha fora dos padrões que, apesar de muito humana e justa, não mede esforços para executar o seu plano de vingança contra a madrasta.
No meio desse embate, o Divino, bairro fictício que apresenta toda a alegria do subúrbio do Rio de Janeiro em personagens populares e cativantes, como Tufão (Murilo Benício), Jorginho (Cauã Reymond), Leleco (Marcos Caruso), Muricy (Eliane Giardini), Tessália (Débora Nascimento) e Adauto (Juliano Cazarré), entre outros.
Para completar, ritmo ágil, fotografia de cinema e bordões que caíram na boca do povo, como "Me serve, vadia" e "Tudo é culpa da Rita". Pronto. Todos esses ingredientes juntos e misturados ajudam a explicar o sucesso de Avenida Brasil, trama de João Emanuel Carneiro de 2012, que volta ao ar no Vale a Pena Ver de Novo da Globo, a partir desta segunda-feira (7).
E pensar que Carminha quase não foi interpretada por Adriana Esteves, que se consagrou no papel e ganhou naquele ano o prêmio de melhor atriz da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). Em entrevista à série As Vilãs que Amamos, do canal Viva, ela contou que, inicialmente, o autor a chamou para outro personagem. Só depois ele com a direção da Globo decidiram que ela faria a inesquecível vilã.
Desde que recebeu as primeiras informações e sinopses sobre Avenida Brasil, Esteves afirma que percebeu de início que a trama seria um sucesso.
— Isso deu para ver de cara. Sabe quando você quer entrar em um projeto, porque você gosta, acredita nele e gosta das pessoas que estão envolvidas.
Ao programa do Viva, a atriz também disse que não quis pensar em Carminha como uma vilã porque ficou com um certo receio do estereótipo que o termo poderia carregar.
— Eu tirei isso da cabeça [a palavra vilã] e falei: "Não vou pensar nisso. Vou criar uma mulher com os seus objetivos e suas dores".
Para a atriz, apesar das maldades, a megera conquistou o público por ser corajosa e divertida.
— Ela enxergava a vida com inteligência e humor — disse em entrevista de divulgação da Globo sobre a reprise.
Na visão da atriz, a maior maldade de Carminha era maltratar e debochar da própria filha, Ágata (Ana Karolina).
Adriana Esteves contou ainda que fazer a vilã foi a sua maior entrega como atriz.
— Quando terminou a novela, foi a primeira vez que eu senti uma dificuldade muito grande de abandonar a personagem [...] Eu estava no 220 volts, e precisava voltar para o 110 para continuar a viver ou até para fazer outros trabalhos, porque como é que eu ia conseguir fazer outra coisa naquela vibração.
Atualmente, Adriana se prepara para viver Thelma, uma das protagonistas de Amor de Mãe, novela que substituirá A Dona do Pedaço no fim de novembro, na Globo.
NINA
Mesmo sete anos depois que Avenida Brasil foi ao ar, Débora Falabella, 40, contou que ainda é reconhecida nas ruas como Nina, a vingativa mocinha da trama. Para ela, isso é um reflexo do sucesso da novela de João Emanuel Carneiro.
A atriz também diz achar muito divertido todos os memes e paródias que até hoje são lembrados pelo público. Um dos mais comentados é o "Me serve, vadia", quando, finalmente, Nina começa a executar o seu plano de vingança contra Carminha.
— Quando a gente está dentro de uma cena, nunca imagina no que vai resultar. Acho engraçado ver como algumas delas atingem as pessoas — afirmou.
Para Débora, toda essa sequência de cenas que mostram a virada de Nina na trama, quando ela e a vilã ficam sozinhas na mansão de Tufão, foram as mais difíceis, porque levaram a sua personagem para um outro lugar.
— Foi preciso muito estudo e cuidado.
Esta sequência inclui também a cena em que Carminha enterra Nina viva logo depois de descobrir que a chef de cozinha era, na verdade, Rita, a enteada que ela abandonou no lixão.
Apesar de ser um momento forte e considerado chave para a sede de vingança da mocinha, Débora conta que a gravação foi muito tranquila.
— Eu e Adriana temos uma relação ótima e a direção teve muito cuidado na execução da cena.
Débora diz acreditar que Avenida Brasil foi um sucesso por alguns fatores como personagens bem construídos e um ritmo ágil semelhante ao de séries, sempre com ganchos fortes para o capítulo seguinte.
— Fora o fato de a novela ser engraçada e, ao mesmo tempo, ter um suspense. Isso atraía muito as pessoas.
AVENIDA BRASIL
Quando: De seg. à sex., no Vale a Pena Ver de Novo
Onde: Na Globo