Uma das novelas mais queridas e lembradas dos últimos anos está de volta! A partir de desta segunda-feira (7), o Vale a Pena Ver de Novo (RBS TV, 16h45min) reprisa Avenida Brasil, momento que os fãs da trama aguardam desde que o último capítulo foi ao ar, lá em outubro de 2012. Afinal, novela boa é assim: mal termina e já queremos assistir a tudo outra vez.
Mas o que diferencia a história de João Emanuel Carneiro de outras tantas que foram ao ar nos últimos sete anos? Confira aqui cinco motivos que fizeram da turma do Divino a queridinha do público:
Baita elenco
Adriana Esteves e Débora Falabella deram um show como Carminha e Nina, mas não fizeram a festa sozinhas. José de Abreu, irreconhecível e hilário como Nilo, a doce e forte mãe Lucinda de Vera Holtz, a sintonia de Marcos Caruso e Eliane Giardini como o dissonante casal Leleco e Muricy.
Entre os coadjuvantes que roubaram a cena, uma estonteante Isis Valverde como Suelen, e a divertidíssima Cacau Protásio, que no improviso "eu quero ver cê me chamar de amendoim" fez sua Zezé crescer e aparecer na história. E não podemos esquecer da fofíssima Mel Maia, na época com apenas oito anos, mas um talento gigantesco. Em poucos capítulos como Ritinha, a atriz mirim emocionou e conquistou o país.
Chuva de memes
Antes da internet, o que mais chamava a atenção do público noveleiro eram os bordões, que caíam na boca do povo e se multiplicavam pelas ruas. Com Avenida Brasil, a grande febre foram os memes, compartilhados à exaustão através das então inovadoras redes sociais. Carminha e Nina povoaram as timelines dos internautas com suas caras, bocas e frases de efeito. O filtro com as luzes da cidade ao fundo e a foto principal em preto e branco também virou mania. Quem não fez sua própria montagem na época?
Se antes o sucesso virtual foi tamanho, imaginem agora, na nova exibição? Além dos já consagrados memes, serão muitas hashtags como #oioioi, #meservevadia, #culpadarita, e por aí vai.
Reviravoltas
O grande trunfo de João Emanuel Carneiro em Avenida Brasil foi a inversão de papéis ao longo da história. Carminha, que começou como uma verdadeira "bruxa má" na vida de Rita, provou do próprio veneno anos depois, com a vingança da ex-enteada, agora na pele de Nina. A mocinha teve atitudes de vilã, cometeu vários crimes em nome do que chamava de "justiça" e muitas vezes colocou o ódio à frente do amor.
Já Carminha teve seus dias de vítima, foi ao fundo do poço, retornou, deu a volta na inimiga, virou o jogo, mas também mostrou seu lado humano, com fragilidades e pontos fracos. No caso dela, era o amor pelo filho, Jorginho (Cauã Reymond). Aliás, esse também era o "calcanhar de Aquiles" de Nina, apaixonada pelo rapaz desde a infância. Nesse jogo de gato e rato, não houve vencedora. Poucas vezes uma novela fez o telespectador ficar na dúvida sobre sua torcida.
Tragicomédia
Os embates de Carminha e Nina tiveram cenas pesadas, até mesmo assustadoras. Em sequências dignas de filmes de terror, o público prendia o fôlego e só respirava quando entrava no ar alguma sequência divertida. O chamado "alívio cômico" foi sabiamente usado pelo autor, que tirava da cartola algum momento bizarro da família de Tufão (Murilo Benício), o troca-troca de casais entre Muricy, Leleco, Adauto (Juliano Cazarré) e Tessália (Débora Nascimento), as confusões da turma do Divino, ou as peripécias de Cadinho (Alexandre Borges) e suas três famílias. Drama, suspense, comédia, crítica social, romance, estava tudo ali, misturado num caldeirão de sucesso.
Identificação
Analisando os pontos fortes e fracos de Avenida Brasil, talvez o grande mérito da novela tenha sido o fato de dar protagonismo a tipos que, geralmente, são meros coadjuvantes. O subúrbio foi alçado ao posto de cenário principal, com pessoas e situações que costumam orbitar por suas ruas movimentadas. O bairro do Divino, apesar de fictício, poderia ser uma periferia como qualquer outra, onde boa parte dos brasileiros mora, estuda e trabalha. Por se enxergar na telinha, o público se sentiu parte daquela história, torceu com mais afinco por seus personagens favoritos e sofreu com dramas que poderiam ser os seus.
Ao fazer de um lixão o cenário de uma trama de amor e vingança, João Emanuel Carneiro quebrou importantes barreiras. Se antes o público se via distante do glamour do Leblon de Manoel Carlos ou das terras estrangeiras de Gloria Perez, em Avenida Brasil foi mostrado o Brasil como ele realmente é: com a cara, os trejeitos, a gritaria, as confusões, o povo trabalhador e a simplicidade da periferia.