Correção: entre 13h52min do dia 25/6/2019 e 21h48min de 25/6/2019, este texto informava que Helena Roitman era irmã de Odete em Vale Tudo. No entanto, a personagem de Renata Sorrah era filha de Odete. O texto já está corrigido.
O ódio e o amor, muitas vezes, podem andar lado a lado. Um exemplo claro disto são as vilãs de grandes novelas da dramaturgia brasileira que, mesmo com seus planos maléficos, cativam os espectadores muito mais que muitos mocinhos de plantão. Pensando em valorizar esses papéis, a série documental As Vilãs Que Amamos, que estreou no último sábado (22) no canal Viva, fala exatamente sobre essas personagens que marcaram a história da TV nacional.
O programa, criado por Hermes Frederico e com direção de Felipe Careli e Waldecir de Oliveira, traz entrevistas com atrizes que interpretaram essas vilãs inesquecíveis e também com os autores desses folhetins, como Aguinaldo Silva, Benedito Ruy Barbosa e Manoel Carlos. A proposta é falar sobre a importância das antagonistas e mostrar histórias inéditas dos papéis.
Além disso, atrizes como Fernanda Montenegro, Renata Sorrah, Adriana Esteves, Nathalia Timberg, Cássia Kis, Marieta Severo, Lea Garcia, Laura Cardoso e Joana Fomm falam sobre a composição de suas vilãs. Ao todo, o especial é formado por 16 episódios e pode ser assistido aos sábados, às 19h, no canal pago Viva e na plataforma de streaming Viva Play.
GaúchaZH relembra abaixo cinco das vilãs mais amadas do público que são retratadas no programa:
Odete Roitman (Beatriz Segall) - Vale Tudo
Presidente do grupo Almeida Roitman, a personagem interpretada por Beatriz Segall não tinha escrúpulos em suas decisões. Sempre com muita classe, ela vivia em Paris e raramente vinha ao Brasil para lidar com problemas familiares. Sua trajetória foi marcada por embates com a filha Helena (Renata Sorrah) e pela necessidade de escolher as companheiras de seus filhos.
Ao longo dos episódios, diversas frases suas marcaram o público, como "Paris é minha pátria - como, aliás, é a de toda pessoa civilizada na Europa" e "Pelo amor de Deus... Sentir medo do inverno é uma coisa muito jeca!".
— Odete Roitman é uma personagem que vai ficar na história; não por um valor meu, mas por tudo o que a novela reuniu. Até hoje eu sou chamada de Odete na rua. Em Cuba, me chamaram de Dona Odete. Sempre me encabulo quando tenho que falar da Odete Roitman, fico com medo de parecer pretensiosa, e tenho certeza de que não sou, mas acho que ninguém na televisão brasileira recebeu um presente tão grande como esse – disse a atriz Beatriz Segall, ao site Memória Globo.
Sua morte na trama de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères parou o Brasil, já que a personagem foi morta por três tiros, disparados por uma pessoa sem identificação. Os espectadores ficaram apreensivos com a revelação, que levou 13 dias para ir ao ar, no último capítulo de Vale Tudo.
Nazaré Tedesco (Renata Sorrah) - Senhora do Destino
Os embates de Maria do Carmo (Susana Vieira) e Nazaré Tedesco (Renata Sorrah) foram memoráveis. Protagonista de Senhora do Destino, Maria era uma nordestina que foi para o Rio de Janeiro tentar a vida, mas viu sua filha caçula Lindalva ser sequestrada ainda bebê. Quem estava por trás desse crime era ninguém menos que Nazaré, uma prostituta que se fingiu de enfermeira para se apropriar da criança.
Boa de copo e de mambo, Nazaré recordou muito a atuação de Renata Sorrah em Vale Tudo, como a filha de Odete, Helena Roitman. As frases da vilã também foram marcantes, como "Sapatonas! Eu sinto longe o cheiro de couro" e "Pelo amor de Deus, me deixa sair! Eu não posso ficar presa. Eu não nasci pra isso. Eu preciso sair, eu preciso ver gente, eu preciso bater perna".
Assim como Odete, Nazaré teve uma morte polêmica: ela atirou-se de uma ponte na cachoeira de Paulo Afonso, na Bahia. O sucesso foi tão grande que a vilã virou uma inesgotável fonte de memes e gifs nas redes sociais.
Carminha (Adriana Esteves) - Avenida Brasil
Casada com o ex-jogador Tufão (Murilo Benício), Carminha (Adriana Esteves) tentava dar o golpe ao ter Max (Marcello Novaes) como amante. No entanto, seus planos foram atrapalhados pela enteada Nina (Débora Falabella), que protagonizou os principais embates com a vilã. Assim como uma boa antagonista, frases como "me serva, vadia!" e "toca para o inferno, motorista" se tornaram sua marca registrada.
Nina, sob o nome de Rita, tentou se relacionar com Jorginho (Cauã Reymond), para a indignação de Carminha. Ao longo da trama, acabou se voltando contra o próprio Max e acabou presa.
O sucesso de Avenida Brasil foi tão grande que jornais estrangeiros repercutiram a exibição do último episódio. O The Guardian, por exemplo, disse que a presidente Dilma Rousseff alterou sua agenda para não coincidir com o desfecho.
Flora (Patrícia Pillar) - A Favorita
A trama de João Emanuel Carneiro, ambientada na rivalidade entre Flora (Patrícia Pillar) e Donatela (Claudia Raia), criadas como irmãs e parceiras da fictícia dupla sertaneja Faísca e Espoleta, garantiu altos índices de audiência entre 2008 e 2009. Flora saiu da cadeia após cumprir pena por ter sido acusada de matar o marido de Donatela. Ao deixar a prisão, buscou o carinho da filha Lara e a vingança - tentar incriminar a própria ex-parceira musical.
A vilã, confiante em seu plano, passou a colecionar uma série de crimes. Além de ter matado - de fato - o ex-marido de Donatela, Flora matou uma jornalista e outros personagens que descobriram a verdade.
Novamente presa, Flora consegue fugir justamente no dia do novo casamento de Donatela, aquecendo o final de A Favorita.
Perpétua (Joana Fomm) - Tieta
Adaptação do livro de Jorge Amado, Tieta contava a história de uma jovem que foge do agreste para São Paulo em busca de uma vida de plenitude. Maltratada no passado, ela decide retornar ao interior cerca de 25 anos depois para se vingar. No entanto, um dos destaques da trama é Perpétua, irmã mais velha de Tieta, vivida por Joana Fomm.
Sempre pensando em planos para tirar vantagens dos parentes, a vilã era capaz de bajular a irmã para se dar bem. Durante toda a novela, gerou curiosidade do público em um detalhe: tinha uma misteriosa caixa branca que sempre ficava fechada. No último episódio, descobriu-se que Perpétua guardava o órgão genital de seu falecido marido.
— Eu achei que ela era circense quando estava compondo o personagem, mas ia muito além disso. Foi uma novela em que a gente se divertiu fazendo, e por isso ela era tão intensa — comentou Fomm, em entrevista ao Memória Globo.