Sem nada de sofisticação e com um toque infantil, o apelido Chiclete parece que pegou mesmo, e não só para o matador apaixonado da novela A Dona do Pedaço.
Segundo o ator Sergio Guizé, 39 anos, que interpreta o personagem, as pessoas usam o apelido para chamá-lo até fora da trama, seja na rua ou em sua própria casa:
— Eu já não saio daqui (Globo) e, quando saio, vou estudar o texto para o dia seguinte. E aí me chamam de Chiclete ainda. E na rua ninguém sabe que meu nome é Sergio — diz o ator, mostrando que não consegue deixar o papel do matador que se apaixonou por aquela que tinha como alvo, Vivi Guedes (Paolla Oliveira), na trama de Walcyr Carrasco.
— Deu a sorte de as pessoas gostarem desse matador. Até a Bianca (Bin, atriz e esposa) me chama de Chicletinho. Meu afilhado também. É uma loucura. Ainda bem que minha mãe não vai me chamar de Chiclete (risos).
Guizé, por mais que ache graça, não costuma dar ouvidos nem para elogios nem para críticas:
— Opiniões eu agradeço, mas preciso criar. Se entrar num mundo de ódio demais ou de amor demais eu não faço nada. Tenho que achar que está tudo errado para mim, que já entro perdendo de 4 a 0. Peço para quem está comigo nem ler comentários. Vivo o personagem e não meu ego.
Personagens complexos são uma rotina na carreira de Guizé. Além do próprio matador de aluguel de A Dona do Pedaço, ele viveu um agressor de mulheres, o Gael, na novela O Outro Lado do Paraíso (2017). O personagem agredia Clara, vivida por Bianca Bin, com quem Guizé se casou em setembro de 2018. O papel, aliás, fez com que o ator deparasse com a violência e as ameaças de pessoas que não entendiam que tratava-se apenas de um personagem fictício:
— Com o Gael, sofri muito com a falta de respeito. Eu não tenho nada a ver com ele. O Gael lidava com a questão da violência doméstica e muita gente começou a denunciar, tinha uma função social. Mas sofri com gente ofendendo a minha mãe, minha família. Me senti desrespeitado, fazia um trabalho com carinho e doeu — relembra.
Torcida
Hoje em dia, porém, ele acha graça da abordagem que fazem na rua com ele:
— Agora é outra coisa. Dizem: “Chiclete, não me mata”, ou então “me mata, sim, atira em mim”. É mais leve. Mas para ser sincero, com o Gael eu fazia de verdade e queria ver o circo pegar fogo mesmo.
Em A Dona do Pedaço, Guizé torce para que seu personagem fique com Vivi Guedes:
— Todos gostam muito desse casal, que é o casal de melhor caráter nessa novela. Não tem como falar de Chiclete sem Vivi e vice-versa. Torço para eles ficarem juntos, torço pelo amor, pelo bem.
E por falar em final, Guizé revela que sempre que uma novela chega ao fim ele gosta de “matar” seu personagem. Porém, por vezes isso não é tão fácil:
— Quando acaba um trabalho fico deprimidão, rola um luto e dou uma sumida para onde ninguém me conhece. Medito. Mas esses dias recebi prêmio ainda pelo Gael e pensei: “Você não vai morrer, não? Me deixe em paz, cara” (risos).