As brechas que a tecnologia criou em nossas vidas estão bem claras nas quatro temporadas de Black Mirror. O que ninguém esperava é que todas essas teorias criadas pela série popular na Netflix seriam capaz de afetar o público infantil. Disponível desde a última sexta-feira (5), o seriado Diário de Horrores se assemelha muito aos episódios da trama de sucesso adulta, com uma pitada de suspense e sacadas infantis bem leves.
A boa notícia deste seriado - indicado para maiores de 10 anos, segundo a plataforma de streaming - é que ele pode ser realmente assistido pela criançada. Até mesmo porque, acima de tudo, os capítulos servem para os pequenos refletirem sobre valores importantes, como família, uso controlado do celular e bullying.
Logo em seu primeiro episódio, Diário de Horrores faz uma reflexão importante sobre confiar no próprio celular em troca de popularidade. Kim permite que seu novo aparelho automatize suas publicações e defina qual post deve estar em suas redes sociais, o que gera um questionamento sobre até que ponto os eletrônicos merecem se apropriar da rotina dos pequenos.
Além disso, outros aspectos importantes são debatidos. Em O Viajante, um dos últimos episódios, o seriado reflete sobre o controle do tempo e o quanto é importante saber administrá-lo; em O Terror da Internet, o ato de cometer bullying virtual contra os colegas atinge outros patamares.
Todas as histórias são narradas por um menino sem identificação, sempre com o rosto coberto por uma máscara de gesso. Mesmo meio fantasmagórico em alguns momentos, o seriado não chega a causar medo. Causa estranheza, mas não provoca sustos como filmes e séries do gênero terror.
Um pouco superficial, Diário de Horrores pode ser assistido sem compromisso e fora de ordem. O que importa, no final de tudo, é fazer um alerta aos mais novos - mesmo que seja com um seriado sem grandes oscilações.