Danilo Mesquita está à vontade na pele de Valentim de Segundo Sol, novela das 21h da Globo. Baiano como o personagem, o ator de 26 anos mostra empolgação por poder usar o seu sotaque em cena e ao ver seu núcleo crescer na trama. Ele conta que, durante muitos anos, mudou a forma de falar para conseguir trabalho, mas, agora, a pronúncia da região foi justamente o diferencial para ganhar o papel. Na história, ele interpreta o único herdeiro de Beto Falcão (Emilio Dantas) e, no momento, está tendo de lutar contra tudo e todos pelo amor da prostituta Rosa (Letícia Colin).
— Saí de Salvador com 18 anos e vim pro Rio de Janeiro. Mudei o sotaque pra trabalhar. Sempre escutava que o teste tinha sido maneiro, mas que tinha que ser menos baiano. Aí passei oito anos tentando me adequar. Agora que tenho de ser baiano me dá um medo! Juro! Mas é uma delícia poder contar um pouco a história do meu povo. Sou um cara apaixonado pelo meu país, enlouquecido pela minha cidade — declara.
No enredo do folhetim, revoltado com a notícia de que o pai está vivo, o rapaz brigou com a família e saiu de casa. Instalado em um casarão ocupado por amigos, ele quer independência, longe do luxo proporcionado pelas armações de Karola (Deborah Secco). E quem dera a única mentira em volta de Valentim fosse a falsa morte de Beto Falcão. O garoto não imagina que Luzia/Ariella (Giovanna Antonelli) é sua verdadeira mãe e que foi cruelmente retirado de seus braços quando ainda era bebê por Karola e Laureta (Adriana Esteves). Fora isso, cresceu longe dos irmãos Manuela (Luisa Arraes) e Ícaro (Chay Suede), com quem ainda vai se estranhar muito por causa de Rosa (Letícia Colin).
— Ele e a Karola se adoram, mas o incomoda muito a relação que ela tem com o dinheiro, o fato de ela estar o tempo todo fazendo coisas que não são legais pra poder manter a cobertura no Corredor da Vitória. Ele não concorda, pois acha que não precisa disso tudo pra viver. ê um embate também a questão dela querer tomar conta da carreira dele, como se quisesse transformá-lo no novo Beto Falcão — pondera o ator.
A relação de Valentim com a música é muito forte, justamente por ser filho do cantor de axé. O rapaz toca, compõe e canta assim como o pai, o que lhe gera certa insegurança por conta da pressão que recebe de Karola para se lançar profissionalmente. Além disso, sua afinidade musical com Luzia/Ariella tem cada vez mais os aproximado. A DJ simpatizou de cara com o garoto, sem imaginar que ele é o seu filho caçula.
— Ele é louco pelo som da Ariella. É uma relação de admiração, de encontro, essas coisas que não se explicam. A música é algo que ele quer seguir, mas sente muita insegurança por ser filho desse cara importante. Faço um personagem que a maior alegria e tristeza é a mesma coisa: esse pai — afirma.
Encontro cênico
Em Segundo Sol, Danilo ganhou a oportunidade de contracenar novamente com Vladimir Brichta, que interpreta o vilão Remy e é tio de Valentim. Os atores já tinham trabalhado juntos em 'Rock Story' (2016). Ele conta que vê o ator como uma referência na profissão, porque Vladimir também cresceu em Salvador. Assim, ele o observa em cena e aprende com o que vê.
— É um prazer trabalhar com o Vlad. A gente que é de Salvador tem como referência quem está próximo, como o Lázaro (Ramos), o Vlad, o Wagner (Moura) e tantos outros baianos. Eu fico só ouvindo, aprendendo. Não é todo mundo que tem essa sorte — derrete-se.
Outro encontro dentro e fora de cena foi com o ator Danilo Ferreira, que é seu melhor amigo na vida real e na ficção. O ator comemora a situação e diz que essa coincidência tornou o trabalho ainda mais especial. Na trama, Acácio (Danilo Ferreira) é um líder comunitário, que é uma espécie de espelho do que Valentim gostaria de ser.
— O Valentim tem um grande amigo na novela que é o Acácio que, por sinal, quem faz é o Danilo Ferreira, meu melhor amigo da vida. O Acácio dá aula de capoeira, mora num casarão ocupado, onde ele recebe as pessoas e tal. O desejo do Valentim é ser como o Acácio. Mas ele acabou nascendo numa cobertura, sendo filho de um ídolo — observa.
Apesar de morar no Rio de Janeiro há oito anos e ter criado raízes na cidade, Danilo admite que sente saudade de viver em Salvador. Afinal, é lá que sua família ainda mora e o lugar onde foi criado. O ator conta que passou por todos os perrengues de alguém que sai de casa sozinho, aos 18 anos. Ele diz que muitas vezes sentiu falta de um abraço quando algum problema acontecia, mas que acabou amparado pelos amigos que fez na cidade.
— Fui criado no bairro do Cabula, em Salvador, onde a minha avó mora há 40 anos e todo mundo me conhece. Chego lá e fico sem camisa, descalço. Ainda que tenha me adaptado muito bem ao Rio, é como se eu fosse um estrangeirinho, porque não estou na minha terra. Adoro o Rio, mas sinto saudade de tudo — confessa.