Deborah Secco carrega a responsabilidade de interpretar Karola em Segundo Sol, novela das nove da Globo. No entanto, a vilã divide as maldades com Laureta, interpretada por Adriana Esteves. Por conta disso, a atriz assume que bate uma insegurança às vezes, mas que ela busca apoio na colega de elenco para fazer bem o seu papel. Na trama de João Emanuel Carneiro, Karola usa mentiras para se casar com Beto (Emilio Dantas) e afastar Luzia/Ariella (Giovanna Antonelli) da vida da família Falcão.
Na entrevista a seguir, a carioca de 38 anos fala sobre as vilanias de Karola e Laureta em Segundo Sol e analisa o amor doentio da malvada pelo filho adotivo, Valentim (Danilo Mesquita), e por Beto Falcão. Além disso, Deborah comenta o fato de trabalhar pela primeira vez com o marido, o ator Hugo Moura, e dos cuidados com a filha Maria Flor, de dois anos e meio. Ela ainda confessa que muda muito de opinião e que não tem medo de errar.
Como está sendo dividir as vilanias de Segundo Sol com Adriana Esteves?
Deborah Secco: Com certeza fica mais fácil e, ao mesmo tempo, muito mais difícil porque tenho um padrão de qualidade elevado pra seguir. A Adriana (Esteves) é uma "gênia" e a gente se admira. Temos uma parceria incrível. As coisas fluem. Acho incrível o João (Emanuel Carneiro) dividir essa vilania. A Karola não tem a mente tão maquiavélica pra realizar todas as maldades. Ela tem a necessidade, o desejo, mas a mente brilhante é a da Laureta.
Quais foram as suas inspirações para a Karola?
Deborah: Eu já me espelho na Adriana (Esteves) sem querer há muitos anos. A Darlene, de Celebridade (2003) foi inspirada na Sandrinha de Torre de Babel (1998). A forma dela de interpretar é muito perto do que eu quero conseguir. Quando chegou essa personagem, a Karola, foi inevitável a gente não pensar na Carminha de Avenida Brasil (2011), assim como pensei na Flora de A Favorita (2008), na Laura de Celebridade. Pego as vilãs que admiro e vejo o que posso roubar de cada uma. Mas a Adriana, surpreendentemente, é muito parecida comigo. A gente acha que é muito texto, que não vai dar conta, tem essa coisa de ser "caxias" mesmo, de tentar dar o nosso melhor. Então, estamos dividindo todos os nossos conflitos momentâneos.
Como você analisa a relação da Karola com o Valentim?
Deborah: Apesar de tudo, Karola é apaixonada pelo Valentim. Ela beira até o incesto, porque é uma mãe muito apaixonada pelo filho, deita junto, fica agarrada. Minha mãe é assim comigo, é um amor fora do comum! Eu sou assim com a Maria Flor, parece que a gente quer engolir de tanto amor! Karola tem isso. Além de amar Beto loucamente, ela também ama Valentim e vai defender essa família com unhas e dentes.
Quais as referências para o visual da Karola?
Deborah: Na primeira fase, Karola aparece com o cabelo mais cacheado. A gente fala que ela é meio periguete, mas, quando vai lá se disfarçar para a Luzia de amiga, vai bem menininha, humilde. Na segunda fase é uma coisa meio Kim Kardashian. Eu também me inspirei em Ivete Sangalo, porque toda baiana quer ser ela, esse cabelo liso grande. Ela é minha musa inspiradora! Karola é mais perua que Ivete, mas estou tentando.
O seu marido, Hugo Moura, também está no elenco da novela. Vocês vão contracenar?
Deborah: Foi uma surpresa o Hugo participar da novela, porque ele fez o teste lá atrás. A gente já tinha esquecido, porque acabaram me chamando e não o chamaram, aí meio que esquecemos. Ele já estava com outros projetos, mas depois veio o convite e ele ficou feliz! A gente deve gravar junto em algum momento e acho que vai ser sensacional!
Com os dois gravando, sentiu receio de deixar a filha de vocês, a Maria Flor, em casa para vir trabalhar?
Deborah: A gente sempre tem medo. Mas, quando surgiu a proposta, que é uma coisa que ele está buscando há tanto tempo, entendemos que vamos ter que nos desdobrar mais. Vamos estar os dois aqui (no Projac), mas a minha mãe está lá a postos. Maria Flor está na escola também. O que me ajuda a sair de casa é que quero que a Maria tenha muito orgulho de mim e dele, então a gente não pode parar.
Você tem uma carreira de sucesso, mas sentia falta de fazer uma grande vilã?
Deborah: Nunca pensei muito no que eu queria fazer. Quando sonhava em ser atriz, não imaginava nem metade do que fiz. Se tudo der errado daqui pra frente, já sou vencedora. Quando era menina, sonhava em fazer uma novela das oito e o meu nome ser o primeiro a aparecer. Tudo que sonhei criança eu já realizei. Aí é lógico que a gente fica pensando no que ainda falta, mas nunca senti que me faltasse alguma coisa.
Você já se arrependeu de algo que disse por ser tão honesta com as pessoas?
Deborah: Não me considero uma pessoa que sabe tudo. Muito pelo contrário, não sei nada. Estou sempre evoluindo e mudo bastante de opinião, mas falo com verdade. Se tem uma coisa que tenho orgulho de mim é que não tenho vergonha de errar, de ser quem sou, de voltar atrás e pedir desculpas. Graças a Deus não preciso mentir para ser amada, isso é um alívio! Demorei muitos anos para conseguir viver sabendo que a gente não vai agradar todo mundo. Não vamos mesmo, mas a gente não precisa mentir. Hoje em dia, luto para que as pessoas aceitem essas diferenças. Sempre lido com a verdade e a minha forma mais polêmica de falar é porque acho que a gente tem que brigar pelo que acredita. Vim de um lugar lá embaixo, consegui chegar onde cheguei, então alguma coisa devo ter aprendido com isso e posso passar para as pessoas que pensam como eu. Quem não pensa como eu, vai achar que é uma bobagem enorme, que sou uma burra, idiota. Mas, talvez, consiga ajudar alguém que está precisando e, pra mim, isso já vale a pena.
Você deu uma declaração afirmando que tinha traído seus ex-namorados. Não ficou com medo de se posicionar em uma sociedade tão machista?
Deborah: Eu sou feminista mesmo! Se eles podem, a gente pode também. Eu nunca dei essa declaração achando que tinha feito uma coisa boa. Eu traí. Isso é um fato. Que pena! Foi ruim pra mim principalmente. Adoraria ter tido relacionamentos que dessem certo, que fossem na base da verdade, da lealdade. Não consegui, infelizmente, não encontrei pessoas que criassem comigo esse tipo de relação. Criamos uma relação frágil, mentirosa, que deu no que deu, um término. Mas acho que ninguém deve ser julgada por um erro. Queria muito ter sido essa pessoa que no primeiro relacionamento tivesse todo um entendimento de amor e de família que tenho hoje. Graças a Deus, evoluí e tenho uma maturidade de falar que errei. Que bom que hoje tenho um marido e que não vou trair, porque não vou me dar a chance de errar com ele! Hoje o que a gente tem em jogo é muito mais valioso!
Você admite que está sempre mudando de opinião. Quando foi a última vez?
Deborah: Geralmente, eu mudo muito de opinião em relação a Maria Flor. Outro dia mesmo, eu e Hugo estávamos debatendo a questão da rotina, da importância dela almoçar e tomar banho todos os dias no mesmo horário. Só que a Maria tem chegado da escola muito cansada. Hugo acha que ela não precisa almoçar quando chega da escola, porque diz que está com sono e quer dormir. Por que ela tem que almoçar gritando, chorando, e tomar banho urrando, se ela diz: "Papai, eu quero dormir"? Aí é uma crise, pois a minha mãe fala que tem de ter rotina. Eu, de fato, mudei de ideia e agora estou com ele, porque a gente tem que aprender a ouvir. Criança está aí para dar aula pra gente.