Letícia Colin se transformou em uma baiana arretada para dar vida à prostituta Rosa em Segundo Sol, novela das nove, exibida pela RBS TV. Com o bronzeado, a sensualidade, a mudança de visual e o sotaque na ponta da língua, a atriz tem chamado atenção em cena. No bordel de Laureta (Adriana Esteves), a personagem conquistou o coração de Ícaro (Chay Suede), mas o relacionamento conturbado acabou os afastando. Agora, Rosa começou a se envolver com Valentim (Danilo Mesquita).
— É a primeira vez que tenho uma personagem na Globo com essa pegada mais quente. Acho que a Bahia emana uma coisa que vem da comida, da música, tem um afrodisíaco no ar. Quando li o texto da Rosa, a senti borbulhando. Ela é uma mulher que passa e as pessoas notam. Tem uma relação com o corpo que é muito tranquila, livre, uma afirmação da sensualidade — observa a atriz.
Na trama, o ciúme exacerbado entre Rosa e Ícaro pôs um fim no namoro. Entretanto, muita água ainda vai rolar debaixo dessa ponte, pois o novo namorado da moça é exatamente o meio-irmão do ex. Embora ninguém saiba no momento dessa ligação entre os dois, isso pode gerar mais um drama para a garota de programa no futuro. Para sua intérprete, a paixão da personagem pelos dois filhos de Luzia (Giovanna Antonelli) se tornará um dilema.
— É difícil essa relação. A vida, às vezes, é uma sinuca de bico. Tem coisas que a Rosa vê no Ícaro que a deixam muito encantada, apaixonada. O Valentim também é doce, gentil e isso é muito comovente. Mas ela está numa cilada ótima! Pode escolher qualquer um dos dois — diz, aos risos.
Segundo Letícia, as pessoas ainda não aprenderam a tratar a sexualidade de um jeito saudável. E, por conta dessa inabilidade de lidar com o corpo, há tantos problemas sociais como o abuso e o estupro. A atriz acredita que isso acaba contribuindo para este tipo de comportamento, quando se trata de opinar sobre como uma mulher deve andar ou se vestir, por exemplo. Então, por ser a prostituição um tema complexo, a atriz se cercou de pesquisas no processo de composição da personagem.
— Foi uma preparação de tudo. Desde ler (a feminista) Camille Paglia até referências brasileiras, como ir à Vila Mimosa (famosa área de prostituição no Rio de Janeiro). Foi encantador pesquisar e compreender de um jeito mais amplo, porque é uma questão complexa. Dentro do feminismo mesmo têm pessoas a favor e outras contra a legalização da profissão. O legal da Rosa é que ela olha pra essa questão sem hipocrisia — conta.
Feminista, Letícia afirma que ainda não tem uma opinião formada sobre a prostituição. Entretanto, ela espera que suas pesquisas por causa da Rosa ofereçam um panorama para falar melhor sobre o assunto. A atriz relata que tem aprendido muito com a forma como a prostituta se posiciona na trama de João Emanuel Carneiro.
— Existem feministas que defendem que a prostituição é um lugar de vitimização da mulher e abominam. Outras acham que tem de legalizar, que é 'meu corpo, minhas regras'. Ainda não sei o que eu acho. Espero terminar essa novela com alguma opinião, porque tenho pontos em comum com ambos os lados — confessa.