Economista de origem turca radicado nos Estados Unidos, Nouriel Roubini ganhou um apelido pouco atrativo. Foi batizado de Dr. Doom, ou Doutor Catástrofe, por alertar, em 2006, em discurso direcionado a executivos do Fundo Monetário Internacional (FMI), para o risco de uma bolha no mercado imobiliário estadunidense. Sua fala tornou-se realidade em 2008, quando estourou a grande crise nos bancos. Considerado um dos principais economistas do mundo, ele sobe ao palco do Teatro Unisinos, em Porto Alegre, na noite desta quarta-feira (7), a partir das 20h, dentro da programação do Fronteiras do Pensamento.
Nos últimos anos, Roubini tem se dedicado a analisar as tendências que moldam a economia global, com ênfase nas dinâmicas geopolíticas, avanços tecnológicos e mudanças climáticas. Mas ele segue com uma visão pessimista sobre o futuro, capaz de gerar ansiedade.
— Pré-covid, o dólar era supremo, a única moeda possível para reservas internacionais. Hoje, todos falam de desdolarização — apontou, em entrevista à Exame.
As causas das crises
Roubini lançou recentemente Mega-ameaças (editora Crítica, 2023), livro que mapeia 10 possíveis causas de crises globais, com riscos econômicos, financeiros, geopolíticos, demográficos, tecnológicos e sanitários.
Trata-se de um conjunto de fatores que, ao se conectarem, segundo ele, colocam em xeque a sobrevivência da humanidade e o futuro do mundo — pelo menos o mundo tal qual o conhecemos.
Paz e prosperidade comprometidos por temas como emprego
Com pós-doutorado em Harvard e professor emérito na Universidade de Nova York, Nouriel Roubini é um nome atuante inclusive no âmbito do poder nos Estados Unidos. Ele integrou o Conselho de Consultores Econômicos da Casa Branca e o Departamento do Tesouro daquele país e, em 2013, foi agraciado pelo Global Thinkers Forum com o prêmio de Excelência em Pensamento Global.
Em Economia das Crises (2010), já antecipava reflexões sobre as dificuldades globais diante de um futuro marcado por conflitos como o do Oriente Médio e os impactos mais proeminentes das mudanças climáticas. “Os próximos anos e décadas serão marcados por uma crise de dívida estagflacionária e mega-ameaças inter-relacionadas – guerra, pandemias, alterações climáticas, inteligência artificial (IA) disruptiva e desglobalização –, todas negativas para o emprego, as economias, os mercados, a paz e a prosperidade”, escreveu.
A respeito da IA, tema dos mais populares no momento, Roubini acredita que haverá uma legião de desempregados, pessoas que não poderão competir com sistemas automatizados. Essa grande parcela de vulneráveis demandará políticas de bem-estar social, o que vai sobrecarregar os governos, ele prevê.
Um espaço para a esperança
O economista, no entanto, reserva uma esperança para o futuro — desde que a humanidade saiba escolher o caminho da cooperação e consciência a respeito das escolhas políticas, afirma, o que deve pautar sua conferência na noite de quarta, no Teatro Unisinos.
Em setembro e outubro, o Fronteiras do Pensamento ainda terá dois encontros em sua programação oficial deste ano, com Anna Lembke e Simon Sebag Montefiore. Ambos falarão a partir da pergunta-tema do evento nesta edição 2024: “quem está no controle?”.
O Fronteiras do Pensamento tem o patrocínio de Unimed, Corsan, Sulgás e Banco Topázio, patrocínio acadêmico da Unisinos, parceria institucional de Instituto Unicred, Fractal Educação, Hospital Moinhos de Vento, Icatu Seguros e prefeitura de Porto Alegre, neutralização de carbono Greener, promoção do Grupo RBS e realização da Delos Bureau, uma empresa DC Set Group.