Por Leonid Streliaev
Fotógrafo
Existiu o Pereio – Paulo César de Campos Velho (1940-2024) –, ícone rebelde do cinema e teatro nacionais, mas também houve o “Super” Pereio!
Era seu irmão e se chamava Pingo. Um baita cara, dois metros de altura e voz de trovão.
Estudei com o Pingo no Colégio Batista de Porto Alegre. Ali começou uma amizade com os dois irmãos e também com a irmã, Maria.
O Pingo era especialista em fazer grandes bagunças nos corredores do colégio. Pobre da Dona Thelma Bagby, diretora que sofria mas sabia contemporizar.
E assim chegaram os anos 1960, passeatas contra a ditadura, tempos de grandes transformações no Brasil e no mundo. Naquela época o Pereio já era um ator atuante, um dos menestréis da cultura brasileira.
Quando vinha a Porto Alegre, a cidade virava uma festa, sempre alegrada com suas diatribes. Uma vez o Pereio roubou um barril de chope do restaurante Tia Dulce, um barril daqueles de madeira da Brahma. Tudo terminou na 3ª DP da Cristóvão Colombo, com abraços do delegado.
Aqui em Gramado City, durante os festivais de cinema, era o festeiro mor.
Outra vez, fomos para a Praia do Rosa construir a primeira casa de gaúchos por lá. Junto com a Cissa Guimarães e os pescadores, Seu Dorvino e Seu Bento, levamos 12 dias de trabalho. Poucos sabem: ele foi um dos fundadores dessa praia agora famosa...
Lá pelas tantas, enquanto interpretava O Analista de Bagé, me chamou para fotografá-lo pilchado pelas ruas da Porto Alegre que hoje está inundada (veja as imagens acima). Ficam estas imagens do Pereio e de sua cidade do coração, como eterna lembrança da pessoa admirável que ele foi.