A conferencista do Fronteiras do Pensamento desta quarta-feira (27) é a consagrada escritora Margaret Atwood, autora do best-seller O Conto da Aia (The Handmaid's Tale, no original), que virou uma das mais premiadas séries da atualidade, já somando 15 Emmy. Em sua participação no evento, a partir das 20h, Atwood dará a sua visão de mundo em formato de entrevista exclusiva.
Dentro do tema do Fronteiras do Pensamento deste ano, Era da Reconexão, Margaret responderá a perguntas sobre criação literária, suas influências, processo criativo, a adaptação de suas obras para a TV e empoderamento feminino, entre outros temas relevantes para que o público possa entender como a escritora enxerga os tempos de hoje.
Margaret Atwood é uma das escritoras canadenses mais prestigiadas da contemporaneidade. Internacionalmente, ela também é conhecida por seus ensaios e críticas literárias e já recebeu prêmios literários importantes, como a Ordem do Canadá, a mais alta distinção em seu país, além de uma placa na Canada's Walk of Fame de Toronto, em 2001.
Autora que publica livros há mais de 50 anos, Atwood contou, em entrevista para a Folha de S. Paulo, que houve uma "mudança significativa" no mercado editorial com o passar do tempo.
— Nos anos 1960, eram basicamente homens tomando as decisões. Eu mesma não sentia que estava sendo discriminada por ser mulher, porque os editores vão publicar o que acham que vai vender. No lado da crítica, havia coisas esquisitas, mas não no da edição. É verdade que os editores que me diziam sim ou não eram homens, mas quem editava o livro de fato eram mulheres. Nos anos 1970, surgiram editoras em que só mulheres tomavam as decisões. O dono da minha editora no Canadá nos anos 1960 era homem, hoje é mulher — explicou.
Segundo a conferencista, os "escritores grandes" nos anos 1950 e 1960 eram homens e valorizavam histórias de guerra e "examinações sociais" como as de John Updike e Philip Roth.
— A mudança veio na década de 1970, em parte por causa do movimento de mulheres dizendo "queremos ler histórias em que mulheres não são só donas de casa, ou, se forem, queremos saber como isso é de verdade" — complementou.
Graduada em Artes e Inglês, Atwood também estudou filosofia e francês, tendo concluído mestrado na Universidade Radcliffe e dois anos de pós-graduação em Harvard. Lecionou língua e literatura inglesas nas universidades de British Columbia, Sir George Williams (em Montreal), de Alberta e York (em Toronto), entre outras. A escritora recebeu diplomas honorários de universidades da Irlanda, do Royal Military College do Canadá, de Oxford, de Cambridge e da Sorbonne.
A obra
Margaret Atwood, que é romancista, poetisa, contista, ensaísta e crítica literária internacionalmente reconhecida, já publicou 22 títulos e muitos dos seus poemas foram inspirados por contos de fadas europeus e pela mitologia. E, mesmo tendo vencido prêmios de ficção científica, afirmou ao jornal britânico The Guardian que prefere que sua obra seja considerada ficção especulativa e não ficção científica.
— Em ficção científica tem monstro e naves espaciais; ficção especulativa poderia realmente acontecer — disse.
Em outros momentos, ela chegou a afirmar que sua obra também pode ser classificada como "ficção científica social".
O Conto da Aia foi lançado em 1985 e vendeu cerca de 10 milhões de cópias no mundo todo. O livro tem uma forte crítica ao controle da vida das mulheres, passando-se em um mundo distópico. A obra chegou a ser banida de escolas, mas originou um filme em 1990 e até uma ópera. Em 2019, chegou às livrarias Os Testamentos, continuação que se passa 15 anos depois da história original.
A autora reforça que sua obra aborda um sistema ditatorial em que homens e mulheres ocupam lugares diferentes na pirâmide e aponta que não imaginava o quanto o livro marcaria a vida de tantas pessoas.
— Esse é um livro de entretenimento ou uma profecia política? Pode ser os dois? Eu não antecipei nada disso enquanto escrevia o livro — refletiu.
As conferências
A plataforma virtual do Fronteiras do Pensamento disponibiliza as quatro conferências desta temporada já realizadas, com Jared Diamond, Steven Pinker, Anne Applebaum e Niall Ferguson, para assinantes assistirem novamente quando quiserem.
Ainda é possível se inscrever e ter acesso a aulas preparatórias, conferências com pensadores da atualidade e conteúdos exclusivos. A programação prevê ainda conferências de Yuval Noah Harari, Carl Hart e Pavan Sukhdev. Para saber mais, acesse: fronteiras.com.
O Fronteiras do Pensamento é apresentado por Braskem, com patrocínio Unimed Porto Alegre, PUCRS, B3, parceria institucional Pacto Global e promoção do Grupo RBS.