A Praça da Alfândega lotou no fim de semana, na retomada da tradicional Feira do Livro de Porto Alegre. Após um ano de ausência, forçada pela pandemia, o maior evento literário do Rio Grande do Sul voltou com força neste outubro de 2021, em sua 67ª edição.
Não é exagero dizer que milhares de pessoas passaram pela feira entre o sábado (30) e o domingo (31). A maioria, lógico, espia muito e compra pouco. Mas muitos não resistiram a levar para casa pelo menos uma lembrança — um romance, uma biografia, um livreto infantil – ou a tomar um chopp gelado neste fim de semana de clima ameno, sol a pino e vento primaveril.
Mesmo com tamanho reduzido e filas de barracas a menos, por cautela diante da pandemia, os primeiros movimentos dão margem a muito otimismo. O livreiro Rafael Guimaraens, da Editora Libretos, disse que está surpreso com a volta maciça do público.
— Achei que o pessoal estaria temeroso, mas vieram com tudo. O sol e a brisa deram o clima ideal para o pessoal sair de casa. Está super — define Guimaraens.
A Libretos vendeu 150 livros em dois dias, número definido como "ótimo" pelo editor. Em 2018, por exemplo, foram apenas 30 exemplares no primeiro dia e menos de 100 em dois dias.
Feira do Livro é também sinônimo de reencontro anual com amigos. Rafael Guimaraens estava de bate-papo, na tarde de domingo, com o repórter fotográfico Luíz Ávila, que elogiou a cautela dos frequentadores.
— Ninguém sem máscara, até as crianças respeitam. Pudera, um ano e meio de vírus, alguma coisa a gente tem de aprender. O distanciamento é impraticável na praça, mas estamos ao ar livre e cada barraca tem sortimento de álcool para os clientes. É com alívio, quase um suspiro, que a gente constata: estamos vivos — celebra Ávila.
Além de conversas deliciosas, de chopp gelado, de churros na sobremesa e de músicos ao ar livre, a feira é feita também de livros, claro. De todo tipo, para todos os gostos. Entre os lançamentos, um que está vendendo como pão-quente em fim de tarde é a biografia do empresário Clóvis Tramontina – Valor, Força e Coragem, editada pela AGE.
— É nosso carro-chefe este ano e a renda será toda destinada pelo autor para entidades beneficentes. O movimento está muito bom, o sábado foi excelente nas vendas de todos os livros, a gente não esperava tanto — comemora Marcelo Ledur, um dos dirigentes da AGE.
Dois por R$ 5
Falta de dinheiro não é desculpa para deixar de frequentar a Feira do Livro. Um livro pode custar menos que um picolé. Aliás, por R$ 5 é possível comprar, em algumas barracas, até duas obras. São os famosos saldos, sempre um grande atrativo na Praça da Alfândega nessas tardes primaveris.
A banca da editora Leitura XXI, por exemplo, oferece dois clássicos por R$ 5: Marília de Dirceu (de Tomás Antônio Gonzaga), O Uraguai (assim mesmo, com a, obra de Basílio da Gama). Por mais R$ 5 é possível encontrar outros dois: Memórias de um Sargento de Milícias (de Manuel Antônio de Almeida) e Cantos I e V de Os Lusíadas, obra fundamental da Era dos Descobrimentos (escrita pelo português Luís de Camões e comentada, estrofe a estrofe, pelo porto-alegrense Sérgio Luís Fischer).
Quer algo menos tradicional e mais leve? Por R$ 10 pode adquirir “Deixe os Homens aos seus Pés – como se tornar irresistível e poderosa”, coletânea de dicas de Marie Forleo, um saldo disponível em várias bancas.
Como se vê, além de comida, diversão e reencontros, a feira oferece cultura variada, a preços módicos. Mas vá logo. É só até 15 de novembro.