A publicação do decreto municipal que libera a reabertura de cinemas, teatros e casas de shows em Porto Alegre foi recebida positivamente pelos organizadores de drive-ins na Capital. Mesmo dando mais opções ao público, os empresários garantem que o formato deve seguir normalmente, pelo menos, até dezembro. No momento, dois serviços operam na cidade: o Drive-in Air Festival, no estacionamento do aeroporto Salgado Filho; e o POA Drive-in Show, no estacionamento da EPTC, ao lado do Beira-Rio.
Pinheiro Neto, um dos sócios-diretores da Best Entretenimento e responsáveis pelo POA Drive-in Show, acredita que o automóvel funciona "como uma extensão do lar" para quem segue em distanciamento social e é uma opção segura de entretenimento. Ele destaca que o desejo é que tudo volte ao normal o mais breve possível e que a pandemia fique no passado.
— Estávamos torcendo para que tudo normalizasse, até porque eu acredito que exista público para todos os formatos e não queremos que o drive-in seja a única opção para as pessoas. E, mesmo que retornem cinemas e teatros, eles operam com a capacidade bem limitada — reflete Neto.
O POA Drive-in Show segue funcionando até o dia 21 de dezembro, segundo o empresário. Até o momento, estão confirmados o show da banda Nenhum de Nós, no dia 14 de novembro, e uma mega-ação de Natal, com quatro noites de apresentações festivas entre os dias 18 e 21 de dezembro. Além de comemorar a chegada do Papai Noel, a intenção é promover uma carreata pela cidade, com o encontro final no estacionamento da EPTC.
Neto conta que a iniciativa, que hoje paga um aluguel para a EPTC, também tem sediado uma série de eventos corporativos. Esta mesma estratégia foi adotada pelo Drive-in Air Festival, que já realizou eventos fechados em parcerias com empresas.
Vinicius Garcia, sócio-diretor do Grupo Austral, uma das organizadoras do drive-in ao lado do aeroporto, destaca que o projeto também está se firmando como um novo espaço cultural da cidade. A partir desta quinta (22), inclusive, passa a operar em frente ao antigo terminal da companhia aérea Azul, ao lado da estátua do Laçador.
Além disso, busca novidades para que a experiência do público seja ainda mais completa. À reportagem de GZH, ele adiantou que o Grupo Austral entrou com um pedido na prefeitura para que os eventos no formato drive-in permitam que as pessoas possam sair dos veículos, em uma área delimitada ao redor do carro.
— A proposta é que a pessoa possa sair do carro e ficar naquele raio da vaga, como se fosse um camarote mesmo. O público sairia e poderia ficar somente em um lado externo de seu veículo, para se respeitar o distanciamento mínimo — explica Garcia.
A empresa também entrou com outro pedido para que o estacionamento da Fraport possa receber eventos, como shows e apresentações teatrais, em formato de auditório. Ao invés dos carros, haveria cadeiras com espaçamento para se manter a distância entre os presentes. Com essas mudanças e os diálogos que existem com a administradora do terminal aeroviário, a expectativa é que o espaço siga ativo em 2021 - o contrato garante a realização do Drive-In Air Festival até o final de dezembro.
Quanto à reabertura de outros espaços culturais, os dois empresários garantem que ainda é cedo para avaliar o impacto. Os eventos corporativos, nitidamente, têm ajudado na equalização das contas.
— Vemos com bons olhos o projeto do Drive-In Air Festival, que deve seguir pelo menos até o fim do verão, já que seguimos aguardando a vacina. O público tem correspondido: os shows do Poesia Acústica (marcado para esta quinta-feira) e o de Belo (no dia 7 de novembro) estão com vendas muito boas, então o público tem interesse sim — conta Garcia.
Público garantido
Assim como os responsáveis pelos drive-ins, o público também acredita que o formato seja a opção mais segura neste momento de pandemia. A bancária Aline Vilanova compareceu a três eventos do tipo no último semestre e acredita que o decreto foi correto ao flexibilizar e promover a reabertura de cinemas e teatros. No entanto, ela tem optado por atividades ao ar livre.
— Não me sinto à vontade para ir ao cinema ainda, não quero colaborar com um aumento de número de casos correndo riscos. Mas, sim, concordo que a vida deve voltar ao normal — comenta Aline.
Esta opinião é compartilhada pela fonoaudióloga Renata Silveira Pires e pela professora Michelle Oliveira da Silva, que marcaram presença no show do Grupo Tholl e na sessão dedicada a Harry Potter, respectivamente. As duas contam que tiveram experiências incríveis com o drive-in e que não se sentem seguras em encarar o escurinho do cinema. Por isso, preferem seguir optando pelo formato dentro do carro.
— Me senti muito integrada ao evento e teve uma interação muito boa entre o público e o pessoal que se apresentou. E o melhor: com bastante segurança — destaca Renata.
Por outro lado, há quem se mostre ansioso com a retomada das salas de exibição. Este é o caso do funcionário público Eduardo Salles, que também participou do evento drive-in em homenagem a Harry Potter, mas que pretende ir ao cinema já nos próximos dias. Ele, contudo, afirma que quer analisar os protocolos e ver como será a segurança do público para ter certeza de que não corre riscos.
— A gente tem preocupação, é claro, de não contribuir com o aumento dos casos, mas a vida tem que voltar ao normal. Como eu e meus filhos gostamos muito de filmes de super-heróis, a tendência é que a gente volte logo a frequentar as salas — acredita Salles.