A noite de Porto Alegre foi iluminada por sorrisos neste sábado (29). Encantando pessoas de todas as idades, o Grupo Tholl realizou espetáculo no POA Drive-in Show, após a trupe pelotense ficar cinco meses sem apresentações por conta da pandemia. O show foi sucesso de bilheteria e vendeu todos os 200 ingressos que estavam disponíveis. Nos carros, que traziam entre três a quatro pessoas em sua maioria, era possível ver idosos, crianças e adultos aproveitando a experiência.
Para Renata Pires, 36 anos, o evento foi um resgate de uma tradição que perdurou ao longo dos anos em sua cidade natal, São Jerônimo. O município tem a tradição de realizar uma gincana cultural todos os anos. Em função do cenário da crise do coronavírus, ela conta que, ao lado de seu marido, Jeferson Fonseca, 29, optou por ver o espetáculo para matar a saudade. Estavam no carro também seus amigos Graziele Sanguanini e Mathias Ribas.
— O pessoal que participa das equipes se prepara o ano todo para isso, espera esse evento. Então, monta suas apresentações, figurino, som, iluminação. A gente passa o ano todo esperando esse evento na nossa cidade. Foi uma forma também de poder lembrar disso hoje — explicou Renata.
Para Michelle Oliveira, 40, apresentações de circo são costumeiras. Ela conta que, além de ter uma filha que faz aulas de circo híbrido, a família acompanha o Grupo Tholl há anos. Ressaltou, inclusive, a necessidade de que todos se apoiem e defendeu que participar destes eventos é uma forma de, além de se divertir, contribuir com os artistas. A família estava em peso no evento, mas o destaque não ficou por conta de Michelle nem do marido Ilson Santos, 50 — mas sim do filho de dois anos, Joaquim Santos, que assumiu o volante do carro e participava dos buzinaços.
— As crianças estão sem ir à escola presencialmente e acaba que esse é o momento deles poderem ir para a rua. Porque as famílias estão trancadas. É a possibilidade de poder olhar a rua, ver pessoas, ver gente. Fazia tanto tempo que eles não viam, cinco meses que a gente estava fechado. Foi como se ele estivesse vendo a rua de novo com outros olhos — contou Michelle.
O espetáculo, porém, não faz bem apenas para quem assiste. O produtor do Grupo Tholl, Yuri Rossbach, afirmou que quando a trupe foi procurada para fazer shows, todos os artistas aceitaram imediatamente.
— Nós adoramos porque estávamos desde março sem apresentações. Pra nós, além da questão profissional, tem uma questão de terapia também. De poder encenar. Então fez muito bem para o grupo, psicologicamente, emocionalmente e fisicamente falando — disse.
A maior preocupação do grupo era com a distância do público. Rossbach destacou que, para atuar, é necessário proximidade, calor humano. E o que causou estranhamento foi, justamente, a maneira diferente de aplaudir. Isso porque as buzinas normalmente são associadas a situações incômodas no trânsito.
— O aplauso é diferente, isso é impactante. São luzes e buzinaço. E a primeira coisa que a gente associou é: pô, o pessoal tá reclamando. Só que não, estão aplaudindo. Com o andar do show, a gente foi se acostumando e viu que era uma energia positiva — disse Rossbach.
— Porto Alegre nos recebe muito bem, a gente só tem a agradecer. A gente ama Porto Alegre — acrescentou.
A situação relatada é normal. Sócio da Best Entretenimento, Pinheiro Neto afirmou que os artistas tendem a pensar que a apresentação será fria, mas o público acaba interagindo o tempo todo. Alguns, inclusive, sentem-se tão confortáveis que vão de pijama ao evento. Até porque é proibido descer do carro, exceto para ir ao banheiro — situação que deve ser sinalizada para que um orientador busque a pessoa.
Ao final, a experiência de apresentação em drive-in foi bem recomendada tanto por quem apresenta quanto por quem assiste.
— Não é chato, não é lento, funciona bem e dá pra se divertir tal qual — disse Yuri.
— Se eu pudesse espalhar... que as pessoas quebrem essa barreira e quebrem de uma vez. Venham prestigiar o Guri de Uruguaiana, o Serginho Moah — completou, exemplificando.
—Eu posso dizer que a gente pode sentir bastante a energia, como se a gente tivesse muito próximo mesmo. Pretendo participar de outros e recomendar para quem ainda não foi, porque realmente é uma experiência diferente — destacou Renata.