A divulgação do decreto municipal que libera a reabertura de teatros e casas de espetáculos e shows em Porto Alegre, na noite de segunda-feira (19), não foi suficiente para os representantes do setor definirem datas para o retorno de suas atividades. Segundo eles, o alinhamento dos protocolos com os profissionais e a segurança dos artistas são algumas das dificuldades desta fase inicial.
Além disso, espaços culturais que possam receber mais de 250 pessoas ainda precisam de liberação da prefeitura. Nesses locais, os shows só podem ocorrer a partir de 16 de novembro mediante uma autorização prévia da Capital, que pode liberar ou não a ampliação da capacidade para acima dos 30% estipulados no decreto.
É o caso do Auditório Araújo Vianna, que tem lotação máxima de 3 mil pessoas sentadas. Segundo Rodrigo Machado, sócio da Opinião Produtora - responsável por administrar a agenda do Araújo Vianna -, a limitação de 30% "está longe de ser o ideal". No entanto, ele acredita que o decreto foi um "primeiro passo tímido".
— Após o retorno da prefeitura, vamos verificar a viabilidade e começar a fazer contas, porque já estamos segurando prejuízos. Com 30% de capacidade, a gente não abre, essa é a realidade — pontua Machado, frisando que os estudos iniciais dos protocolos previam ocupação entre 50% a 75% da lotação máxima, conforme a bandeira em vigor.
Em relação à agenda, o Araújo Vianna deve receber apresentações de Paulo Ricardo, em dezembro, e estuda a possibilidade de shows de Nando Reis e Humberto Gessinger para os próximos meses.
— A capacidade, no entanto, precisa ser de 50% para cima, aí podemos tentar calcular — reforça Machado.
Conversas e testes
Outros teatros da Capital seguem sem previsão de reabertura porque ainda é preciso verificar os grupos cênicos interessados. Fernando Zugno, coordenador de artes cênicas da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), responsável pelo Teatro Renascença e a Sala Álvaro Moreyra, conta que já foi iniciado o contato com artistas e também com os trabalhadores dos espaços culturais. Os dois locais têm capacidade total inferior a 200 pessoas.
— Nesta semana, teremos reuniões para falar sobre estratégias e protocolos. A gente quer que o público e os artistas sejam bem recebidos, com uma equipe bem treinada — disse Zugno, que não consegue trabalhar com nenhuma data ainda.
O Theatro São Pedro também não consegue determinar um dia exato para seu primeiro espetáculo. Segundo o diretor artístico Dilmar Messias, o espaço não deixou de se movimentar durante a pandemia, mas a agenda começou a ser revista no segundo semestre visando apenas 2021.
— Nós imaginávamos que essa abertura só se daria no fim do ano, então temos administrado o local, que até recebeu algumas solicitações, mas nada marcado — explica Messias, destacando que o local tem 636 lugares e que conseguiria funcionar com os 30% sem a autorização prévia.
Antônio Hohlfeldt, presidente da Fundação Theatro São Pedro, conta que espetáculos devem ocorrer em novembro e dezembro, mas em caráter de teste, priorizando a segurança de atores e do público. O estacionamento do local também volta a operar no próximo mês, sob administração de uma empresa terceirizada.
Outras mudanças dentro do Theatro, como uma bilheteria que seja toda digital (que deve ser utilizada já na reabertura), foram aceleradas durante a pandemia.
— Estamos contatando também grupos com patrocinadores, porque a conta não fecha com uma capacidade de 30%. Não tem como abrir o teatro sem conseguir pagar a despesa básica e os grupos não vão sobreviver com apenas um terço de plateia, essa equação precisa ser resolvida — afirma Hohfeldt.
A Opus Entretenimento, responsável pela administração do Teatro Bourbon Country, também informou que ainda não há definições sobre a reabertura do espaço. Mais definições devem ser divulgadas nas próximas semanas.
Entenda o decreto
Conforme o decreto que entrou em vigor nesta terça (20), os estabelecimentos poderão funcionar com capacidade de 250 pessoas ao mesmo tempo, exclusivamente sentadas, com lotação máxima de 30% do público previsto nos planos de prevenção de incêndio. Também não é permitido o revezamento de assentos sem a devida higienização. O uso de máscara é obrigatório em todas as ocasiões, além do distanciamento de dois metros entre as pessoas.
Casas de espetáculos e de shows cujo público seja superior a 250 pessoas dependerão da análise técnica do Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus e serão liberadas a partir de 16 de novembro.