O empresário Marcos Paulo Magalhães, representante das casas noturnas do Rio Grande do Sul, foi entrevistado pelo programa Timeline, da Rádio Gaúcha, na manhã desta quarta-feira (7). Preocupado com o atual cenário do setor, que define como "catastrófico", ele adiantou o desenvolvimento de um protocolo para a retomada das festas.
Segundo Magalhães, que é proprietário das casas Provocateur, Le Club e Bforfun, a ideia inicial é a realização de um evento-teste, por exemplo, em um local fechado para cem pessoas. Logo na entrada, uma estrutura com um laboratório clínico deve realizar testes rápidos, fornecidos pelos empresários, com todos os convidados, mostrando se a pessoa tem ou não sintomas de covid-19.
Esta seria uma primeira fase do protocolo, que segue a proposta de utilizar um espaço bem ventilado e com o número de convidados inferior ao da capacidade máxima.
— Não adianta fazermos as pessoas ficarem em um quadrado, uma área limitada, como algumas sugestões recentes. Isso não vai acontecer. A gente não teria a loucura de propor isso. Então queremos construir protocolos que estejam no escopo, com a pandemia em curso, e educar os frequentadores — reforça Magalhães.
O empresário destaca que já foram iniciadas conversas com o poder público para a elaboração de um protocolo padrão. Nesta semana, ele se reuniu com a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre e com o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Rodrigo Lorenzoni, para falar sobre o projeto e a intenção de reduzir a ocorrência de festas clandestinas.
Magalhães comentou que, a partir do feriado de 7 de setembro, começou a se notar um comportamento de aglomerações e encontros. Segundo ele, são cerca de 40 a 50 festas clandestinas na Capital todos os finais de semana, que colocam os participantes em risco e facilitam a propagação do vírus.
— A gente investe milhares de reais para fazer aglomerações de forma segura e estas festas são perigosas, porque a chance de uma catástrofe é gigantesca. Não vamos ver 10, 15 pessoas morrendo, e sim 200 a 300 jovens que podem falecer em uma ação dessas — pondera.
Magalhães frisa que estes eventos têm crescido exponencialmente e considera o número de participantes cairia se houvesse uma perspectiva de retorno para o funcionamento das casas noturnas:
— A falta de perspectiva é o que aumenta a rebeldia das pessoas. Quem está em casa há seis meses e sabendo que, dentro de duas a três semanas, terá um evento seguro, não iria em festa clandestina. Essa ausência de futuro é que faz ela romper a barreira, por isso é de extrema importância dar um rumo em pouco tempo. A gente não quer voltar amanhã, sem organização, e sim iniciar um diálogo com o poder público — diz o empresário.
Além disso, o setor também sofre com os impactos econômicos. Magalhães lembra que muitas casas noturnas fecharam permanentemente e que a maioria tem "segurado as pontas" recorrendo a empréstimos.
— Estamos em um momento de catástrofe. Dentro desta cadeia, tem 15 a 20 mil pessoas que tiveram suas rendas reduzidas a zero, literalmente, porque trabalham sem planejamento e dependem destes eventos. Todo o setor se uniu para cuidar dos seus, com ações solidárias, mas vemos tudo isso desmoronando.