A retomada de eventos culturais e as próximas etapas do setor foram assuntos do Painel Atualidade, realizado pela Rádio Gaúcha, na manhã desta quarta-feira (7). Os comunicadores Daniel Scola e Rosane de Oliveira conversaram com o presidente da Opus Entretenimento, Carlos Konrath, e o sócio-diretor da DC Set Group, Eugênio Correa, sobre os reflexos da pandemia do coronavírus nas atividades.
Segundo eles, o impacto a ser sentido pelo consumidor final das ações culturais depende de uma ação conjunta, para que os valores dos ingressos não precisem sofrer um acréscimo. Correa frisou que o governo “tem a maior responsabilidade” e sugeriu algumas mudanças:
— Uma readequação de impostos para o setor, com uma redução deles, e ajudar a viabilizar nossas soluções de protocolos são dois processos fundamentais. De resto, os fornecedores vão ter que se adequar a esta nova realidade — destacou o líder da DC Set Group.
Konrath concordou com as ideias e reforçou que os artistas também vão ter que se adaptar a uma nova realidade de cachês, para que o público não seja impactado no valor final do ingresso. Ele também acredita que seja um bom momento para se debater a existência da meia-entrada.
— Todos sabemos que não tem almoço grátis. Quem criou meia-entrada não se preocupou com o subsídio disso, porque o desconto da meia-entrada vai para o bolso do inteiro. (…) Que justiça social é essa? Uma pessoa bem-sucedida, de mais idade e que é aposentada, tem excelente condição financeira e acaba pagando 50%, enquanto um recém-formado, pai de família, paga ingresso inteiro. Meia-entrada não é verdade, acaba sendo o dobro pela metade — reflete Konrath.
Além disso, Correa destaca a volta gradual dos eventos, com um passo de cada vez.
— Os corporativos estão voltando agora, e até teve uma formatura da Polícia Civil na semana passada, mas como se proíbe de ocorrer formaturas de Ensino Médio? É um desejo e sonho das pessoas de realização isso, o ato de formar, não tem mais como não voltar essas solenidades — reforça o empresário.
Futuro
Sobre os próximos shows do cronograma, os dois empresários comentaram que as agendas estão sendo revistas. Eles citaram, como exemplo, a não realização do Planeta Atlântida no próximo ano e que festivais como Rock in Rio e Lollapalooza serão boas experiências para avaliar o cenário.
No caso da DC Set Group, os eventos têm sido reestudados. É o caso do tradicional festival de balonismo em Torres, que ocorreria em maio deste ano e foi remarcado para abril de 2021.
— Temos cinco artistas nacionais de porte alavancados, e com grande parte dos cachês pagos, mas agora não tem como ver o valor cheio. A conta tem que fechar e o artista é o que mais onera gastos — pontua Correa.
Já a Opus Entretenimento aproveitou o período de pandemia para trabalhar em outras áreas. O gerenciamento de carreiras artísticas, como Daniel e Seu Jorge, assim como a construção de espaços culturais seguiram em paralelos. Os dois novos empreendimentos estão fora do Rio Grande do Sul: um deles é no Shopping Cittá America, no Rio de Janeiro (RJ), e outro no bairro Tatuapé, em São Paulo (SP). Neste último, o negócio inclui teatro, centro de exposições e um hotel.
Quanto ao futuro, os dois empresários acreditam que o entretenimento segue como uma grande ferramenta para unir as pessoas.
— As máquinas, a tecnologia e o covid mostraram que conseguimos ficar mais próximos dos nossos. O entretenimento é o grande entusiasmo que tem de transformar vidas e grandes momentos. Como dizemos na Opus: “Viva o vivo”.
A DC Set Group também continua no desenvolvimento do Cais Embarcadero, um shopping a céu aberto na Capital.
— Vamos ter muito cuidado e responsabilidade nessa volta, dando a importância de se viver esses eventos.