Depois de ser paralisada por seis meses de pandemia, uma parcela do setor de eventos vê chance de retomada gradual nos negócios no Rio Grande do Sul. Em decreto publicado na segunda-feira (21), o governo do Estado liberou, com restrições, atividades de natureza corporativa. Empresários comemoram a autorização, mas ainda demonstram cautela e enxergam uma série de incertezas no horizonte.
Um dos principais questionamentos do setor diz respeito à limitação de público. Conforme o decreto estadual, eventos como feiras, exposições e seminários podem receber, no máximo, 300 pessoas ao mesmo tempo, entre funcionários e visitantes.
— Não podemos negar, foi dado um primeiro passo, mas o decreto não atende a todas as necessidades. Um evento com 300 pessoas envolve número pequeno de profissionais — afirma Rodrigo Machado, um dos organizadores do Grupo Live Marketing RS, que reúne empresários do setor em busca de saídas para a crise.
Sócio-diretor da Opinião Produtora, Machado também lamenta o fato de shows não integrarem a primeira etapa de liberações. Neste mês, profissionais do setor organizaram apresentação musical no Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, que serviu de teste para retomada de eventos do gênero.
Segundo o governo estadual, a volta de atividades corporativas é permitida em regiões que estejam há pelo menos duas semanas consecutivas em bandeira laranja ou amarela no modelo de distanciamento controlado. Ou seja, essas áreas precisam estar há pelo menos 14 dias sem registro de bandeira vermelha, que representa alto risco para o coronavírus.
Nesta semana, o Rio Grande do Sul tem quatro regiões com a etiqueta rubra: Cruz Alta, Novo Hamburgo, Porto Alegre e Santo Ângelo.
Na Serra, que está em bandeira laranja, empresários também desejam mudanças em parte das regras para volta de eventos corporativos, especialmente em relação ao teto de público.
— Vibramos com a autorização para a retomada, mas, com grande restrição, eventos podem ficar inviáveis — pontua Eduardo Zorzanello, CEO da Feira Internacional de Turismo de Gramado (Festuris).
Por ora, a feira segue agendada para o período de 5 a 8 de novembro. Conforme Zorzanello, no ano passado, 11 mil visitantes participavam do evento, simultaneamente, em área que pode receber até 12 mil pessoas ao mesmo tempo. Em 2020, com a pandemia, a expectativa era de até 4,5 mil inscrições. Nem todos os participantes teriam acesso ao mesmo tempo às atividades, diz o CEO.
— É preciso haver alguma readequação no limite de visitantes (estipulado pelo decreto), sob pena de eventos não acontecerem — relata.
Na Capital, o turismo de negócios é o responsável pela maior parte da movimentação em hotéis. Donos de estabelecimentos celebram a autorização para atividades corporativas, sem deixarem de lado a cautela devido às incertezas do coronavírus.
— A avaliação é positiva, apesar de Porto Alegre seguir na bandeira vermelha. Foi desatado um nó, e agora faltam outros, já que eventos não são marcados do dia para a noite — afirma o presidente do Sindicato de Hotéis de Porto Alegre, Carlos Henrique Schmidt.
Além de feiras, exposições e seminários, o decreto do governo estadual libera atividades como oficinas e cursos corporativos em regiões sem registro de bandeira vermelha por, pelo menos, duas semanas. Em áreas de bandeira amarela, são permitidas até cem pessoas nesse tipo de evento, entre participantes e trabalhadores. Na laranja, o número é menor, de 70 pessoas.
— Ficamos felizes pelo pontapé inicial, mas o setor de eventos não tem uma realidade única, são inúmeras atividades — menciona Ana Leite, uma das líderes do Live Marketing RS.
Entenda a liberação
- O governo do Estado publicou, na segunda-feira, decreto que liberou, com restrições, eventos de natureza corporativa em regiões de bandeira amarela e laranja
- Nesse grupo, estão feiras, exposições, seminários, congressos, convenções, simpósios, conferências, palestras, reuniões corporativas, oficinas, treinamentos e cursos
- A confirmação traz uma dose de alívio para parcela do setor, atingido em cheio pela crise do coronavírus
- Mas, mesmo com o sinal verde, ainda há questionamentos por parte de empresários. Uma das principais queixas é em relação ao limite de público nas atividades
Nesta terça-feira, portaria da Secretaria Estadual da Saúde complementou os protocolos exigidos para retomada de eventos corporativos. O documento estabelece regras como:
- Procedimentos de inscrição, credenciamento ou vendas devem ser feitos, exclusivamente, de modo digital
- Instalação de pontos de descontaminação nas entradas dos eventos
- Bloqueio de assentos que não serão utilizados, com o propósito de manter o distanciamento
- Medição de temperatura de todos os frequentadores na entrada _ aqueles que apresentarem febre (37,8 ºC, segundo a OMS), ou mesmo febre autorreferida, devem ser orientados a buscar o serviço de saúde, e seu acesso ao evento não deve ser permitido
- Distanciamento interpessoal mínimo de dois metros dentro do espaço de eventos, em seus corredores e no atendimento feito nos estandes
- Exigência de uso de máscaras por todos os participantes
- Suspensão do consumo de alimentos e bebidas nos locais dos eventos, garantindo que todos mantenham o uso permanente de máscaras
- A oferta de bebidas e alimentos deve ocorrer somente em espaços de praça de alimentação, restaurante ou lanchonete, que deverão seguir protocolos específicos
- Vedada a oferta de alimentos e bebidas dentro de estandes, com exceção para amostras lacradas, que deverão ser higienizadas no ato da entrega aos clientes e não poderão ser consumidas no local
- Higienização de superfícies de toque e objetos de uso comum no início das atividades e durante o período de funcionamento, no mínimo a cada duas horas, com álcool em gel 70% ou preparações antissépticas de efeito similar
- Instalação de pontos de higienização de mãos em diferentes locais do evento