No casamento, a máscara do noivo só cairá na hora do beijo. Em shows musicais, nada de plateia em pé – todos permanecerão sentados em lugar marcado, a uma distância segura uns dos outros. Para o congresso de negócios, credenciais serão substituídas por máscaras coloridas, cuja tonalidade servirá de ingresso e indicará a sala de encontro. Nos próximos meses, viajantes serão surpreendidos: eventos sociais serão repaginados para reduzir riscos em meio à pandemia.
O setor de eventos é um dos mais afetados pelo coronavírus, assim como o turismo. Na proibição de aglomerar pessoas, atividades como shows, casamentos, palestras, congressos e peças de teatro deixaram de ocorrer presencialmente. No Rio Grande do Sul, está tudo proibido – apenas há encontros por lives na internet.
Mas as regras para a área de eventos estão desenhadas há meses. O setor já criou um sistema de protocolos a ser implementado em regiões de bandeiras laranja e amarela, e o documento foi apresentado ao governo do Estado.
— O pilar principal é o lugar marcado no evento, porque não dá para controlar público em pé. A venda de ingressos será 100% online e a lista de pessoas será enviada para a Secretaria Estadual da Saúde, até para entrar em contato caso haja infecção. O Araújo Vianna poderia voltar em bandeira laranja, porque dá para ver o horário em que a pessoa entra, o lugar dela, e o local tem ventilação cruzada. Já o Opinião e o Pepsi não devem voltar tão cedo — diz Rodrigo Machado, sócio-diretor da Opinião Produtora e um dos líderes do Live Marketing-RS, grupo de mais de 340 empresas gaúchas de eventos que desenhou os protocolos.
Machado observa que o setor está na expectativa de o governador Eduardo Leite aprovar as medidas ainda nesta semana e salienta que todas as regras passaram pelo crivo da Secretaria Estadual da Saúde (SES).
Os protocolos criados foram testados nesta segunda-feira (31) na conferência Novos Tempos, Novos Eventos, organizada pelo Gramado, Canela Convention & Visitors Bureau, entidade que incentiva o turismo na Serra. O treinamento ocorreu em Gramado, onde a bandeira hoje é laranja, e foi autorizado pelo governo.
— Do que a sociedade mais sente falta? É dos encontros. As pessoas vão valorizar com mais intensidade as oportunidades de se encontrarem, e esse ativo é do setor de eventos. Vamos fazer uma retomada responsável, garantindo a segurança dos participantes — afirma a turismóloga e consultora turística Vaniza Schuler.
A Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão informou, por meio de nota, que o Comitê de Dados e a Secretaria da Saúde "estão estudando possíveis alterações para os protocolos relacionados ao setor de eventos a partir de normas internacionais, de outros Estados e das propostas de representantes gaúchos deste setor". A pasta diz ainda que a análise deve ser finalizada nos próximos dias e "culminará em uma portaria específica para o setor".
Veja, a seguir, algumas regras testadas e sugeridas pelo setor ao governo do Estado – a rigidez varia se a bandeira é amarela ou vermelha:
Regras em comum para qualquer evento
Lotação reduzida, distanciamento de 1,5 metro entre as pessoas, obrigatoriedade de uso de máscaras, lugares marcados, medição de temperatura, entrada com horário escalonado, ingresso vendido online, inexistência de pista de dança, higienização de salas, microfones e púlpito após uso.
Casamento
As festas na igreja seriam intimistas, com convidados restritos. O noivo entraria de máscara e a única privilegiada seria a noiva, que caminharia com o rosto desprotegido para não borrar a maquiagem. A cerimônia poderia ser transmitida ao vivo na tela de um restaurante, onde mais convidados aguardariam a vinda dos recém-casados para a celebração. Casas de festas abririam com 25% de lotação em bandeira laranja e 50% em bandeira amarela.
Teatro
Em bandeira laranja, teatros e espetáculos de artes cênicas poderiam voltar com 25% da capacidade. A ideia é que a peça tenha menos atores ou que atuem com distância entre si. Ninguém precisaria gritar: por cima da máscara, microfones poderão reverberar a voz de cada personagem. O palco ficaria a pelo menos três metros de distância da primeira fila de assentos.
Palestras e eventos empresariais
A entrada dos participantes seria escalonada para evitar aglomerações na entrada, assim como as regras de escolas. As atividades ocorreriam em salas sinalizadas por cores, cujas tonalidades também vão colorir as máscaras distribuídas ao público – a ideia é que o acessório funcione como ingresso e orientação sobre onde é preciso se dirigir.
Shows
Casas de shows voltariam com 25% da capacidade em bandeira laranja e 75% em bandeira amarela. Músicos usariam máscaras e o cantor, para ter a voz menos abafada, poderia usar microfone por baixo do face shield. Ninguém ficaria em pé: o público permanece sentado, em lugar marcado.
Concerto de música clássica
Os músicos ficariam de máscara e afastados entre si. No teste na serra gaúcha, quatro integrantes da Orquestra Sinfônica de Gramado simularam o Gramado in Concert 2021. O recinto abrigou 30 pessoas, incluindo artistas, staff e convidados.
Formatura
Todos os participantes usariam máscara e sentariam com distância entre si. Gestos corriqueiros de confraternização, como jogar o barrete para o ar e abraçar-se, seriam evitados.
Boates e casas noturnas
O protocolo apresentado pelo setor prevê fechamento em bandeiras preta, vermelha e laranja. Apenas em classificação amarela as casas funcionariam, e com metade da capacidade.
Fonte: Consultora turística Vaniza Schuler e Plano de Ação Live Marketing-RS