Após a escolha da atriz Regina Duarte, 72 anos, para comandar a Secretaria Especial da Cultura, na segunda-feira (20), a classe artística decidiu se articular para levantar pautas e levá-las à colega. Patricia Pillar organizou o grupo, que já tem uma reunião marcada na casa dela nesta quarta-feira (22), no Rio de Janeiro. As informações são de Bela Megale, colunista do jornal O Globo.
Patricia, porém, não confirmou nem desmentiu a informação. A atriz restringiu-se a indicar que existe a ideia de fomentar encontros.
— Precisamos trocar ideias entre nós sobre o ódio deste governo às artes e o desmonte promovido por eles na Cultura, apenas isso. E lutar, sempre, para que nada esteja acima da Constituição — declarou.
Sobre um possível diálogo entre Regina e a classe artística, ela completou:
— Não há diálogo com esse governo e sim uma perplexidade nossa diante dos fatos recentes.
Questionada por GaúchaZH, a assessoria de Patricia disse que "não existe um encontro". "Patricia apenas tem conversado com algumas pessoas sobre a necessidade de se articular e discutir os rumos da cultura no Brasil, uma vez que tem sido difícil manter um diálogo com o governo".
Nas últimas eleições, Patricia declarou voto a seu ex-marido, Ciro Gomes, no primeiro turno, candidato do PDT. Ela ainda se uniu ao movimento Ele Não, contra o então candidato Jair Bolsonaro.
Na época, ela e Regina Duarte já haviam debatido em lados opostos em postagens no Instagram. Regina postou em seu perfil um texto de apoio a Bolsonaro e um card comparando os valores do salário mínimo com o que ela chamou de "bolsa presidiário". "Bolsonaro e sua campanha refletem os genuínos sentimentos do povo contra esta esquizofrenia, este preconceito indisfarçável da esquerda", escreveu a intérprete de Malu Mulher.
Patricia, então, respondeu à colega: "Administrar um país tão complexo como o nosso não é fácil e muitos erros foram cometidos. Mas você acha que a solução neste momento é votar em um candidato que nunca administrou uma rua sequer? Que se apresenta como salvador da pátria, mas não tem o menor conhecimento sobre economia, saúde e educação?"
Regina Duarte aceitou apenas um "período de testes" como secretária da Cultura, após a exoneração de Roberto Alvim na última sexta-feira (17). O dramaturgo foi demitido depois de um vídeo institucional em que parafraseava falas de Joseph Goebbels, ministro de propaganda de Hitler, cercado de outros símbolos referentes ao nazismo.