Designado para dirigir a Fundação Nacional de Artes (Funarte) em junho, e nomeado para a Secretaria Especial da Cultura em novembro, Roberto Alvim dedicou mais de 20 anos de carreira à direção teatral e colecionou diferentes prêmios.
O diretor afirma que sofreu uma virada religiosa que se deu após a cura milagrosa de um câncer diagnosticado em 2017. Em entrevistas, costuma dizer que, depois da cura, abandonou o álcool e as drogas e adotou um estilo de vida regrado e pautado pela religião. "Antigamente, quando eu acordava de manhã, assistia a um pedaço de um filme do Godard, para me inspirar. Agora, eu assisto a Rocky, o Lutador, entre as 4h e as 5h30min da manhã, aí eu saio para a vida", afirmou para um canal do YouTube.
Ao assumir a secretaria, Alvim afirmou que pretendia montar uma "máquina de guerra cultural", com intuito de "redefinir a cultura brasileira".
Desde que entrou para o governo, Alvim tem disparado ofensas e polêmicas.
Frase nazista
Em um vídeo publicado no Twitter oficial da Secretaria da Cultura na noite desta quinta-feira (16), Alvim parafraseou uma fala do discurso do ministro da Comunicação de Hitler, Joseph Goebbels.
— A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada — diz o secretário.
De acordo com o livro Goebbels: a Biography, de Peter Longerich, a fala do nazista foi a seguinte:
— A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada.
Confira o vídeo publicado no Twitter:
Contratação indevida
O Ministério Público Federal abriu investigação criminal sobre Alvim por tentar contratar sem licitação a própria esposa, a atriz Juliana Galdino, que assumiria a direção artística do Teatro Plínio Marcos, em Brasília, o que seria contra a lei. Galdino passaria a controlar um orçamento público de R$ 3,5 milhões.
Ofensas a Fernanda Montenegro
Alvim atacou em uma publicação de seu Facebook a renomada atriz Fernanda Montenegro, de 89 anos, que foi capa da edição da revista Quatro Cinco Um em outubro de 2019. Na imagem, Fernanda emula uma bruxa amarrada com livros aos seus pés. A foto e a edição faziam referência a episódios então recentes de censura, o principal deles a tentativa do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, de retirar de circulação um álbum em quadrinhos em plena Bienal do Livro.
Sobre a imagem Alvim falou:
– A foto da sórdida Fernanda Montenegro como bruxa sendo queimada em fogueira de livros, publicada hoje na capa de uma revista esquerdista, mostra muito bem a canalhice abissal destas pessoas.
Fernanda entrou com processo judicial contra as ofensas, mas a Justiça negou o pedido de indenização por parte de Alvim.
Indicação de Sérgio Nascimento
A Secretária Especial da Cultura, que Roberto Alvim chefia desde novembro, indicou para o cargo de presidente da Fundação Palmares no mesmo mês Sérgio Nascimento Camargo. O jornalista e militante de direita foi destituído da liderança do órgão responsável por promover a cultura de matriz africana que após uma série de falas racistas.
"Democracia em Vertigem"
Alvim também lançou um deboche contra a produção brasileira dirigida pela mineira Petra Costa, Democracia em Vertigem, que concorre ao Oscar de Melhor Documentário.
Segundo ele, à coluna de Mônica Bergamo:
– Se fosse na categoria de ficção, estaria correta a indicação – comentou.
O documentário retrata o período de impeachment sofrido pela ex-presidente Dilma Rousseff.