Em discurso realizado no final da tarde de terça-feira (19) na reunião anual da Unesco, em Paris, o novo secretário da Cultura, Roberto Alvim, atacou as artes realizadas no Brasil nos últimos anos. Segundo informações do colunista Jamil Chade, do Uol, ele prometeu que o governo do presidente Jair Bolsonaro retomará a "beleza" nas artes.
De acordo com a publicação, Alvim mirou os governos de esquerda no Brasil e a classe artística em sua fala: "Nas últimas duas décadas, a arte e a cultura brasileira foram reduzidas a meros veículos de propaganda ideológica, de palanque político, de propagação de uma agenda progressista avessa às bases de nossa civilização e às aspirações da maioria do nosso povo".
Diante de ministros de todo o mundo, o secretário declarou: "A arte brasileira transformou-se em um meio para escravizar a mentalidade do povo em nome de um violento projeto de poder esquerdista, um projeto mesquinho que perseguiu e marginalizou a autêntica pluralidade artística de nossa nação".
Conforme o colunista, Alvim disse que esse movimento "abarcou a quase totalidade do teatro, da música, das artes plásticas, da literatura e do cinema, e não ocorreu de modo espontâneo", além de ter sido "meticulosamente pensado, orquestrado e executado por lideranças tirânicas para nossa submissão", afirmou. Ele também alertou: "Quando a arte e a cultura adoecem, o povo adoece junto".
Alvim teria atacado a forma pela qual a arte era produzida no país até a chegada de seu governo: "A arte e a cultura no Brasil estavam a serviço da bestialização e da redução do indivíduo a categorias ideológicas, fomentando antagonismos sectários carregados de ódio – palcos, telas, livros não traziam elaborações simbólicas e experiências sensíveis, mas discursos diretos repletos de jargões do marxismo cultural, cujo único objetivo era manipular as pessoas, usando-as como massa de manobra de um projeto absolutista".
O secretário afirmou, segundo a coluna, que a "ideologia de esquerda perpetrou uma terrível guerra cultural contra todos os que se opuseram ao seu projeto de poder, no qual a arte e a cultura eram instrumentos centrais de doutrinação". Para o secretário,"a esquerda perseguiu, difamou, destruiu as possibilidades de trabalho ou existência de qualquer voz que discordasse de seu credo revolucionário".
Era da beleza
Entretanto, Alvim teria garantido que tudo isso acabou e agora será a vez de a beleza ganhar destaque: "Os valores ancestrais de elegância, beleza, transcendência e complexidade encontraram uma nova atmosfera. E isso vai nos permitir retomar o sonho de libertar a cultura e colocá-la na direção de princípios poéticos sagrados".
Ele prometeu trazer de volta um "conceito de obra de obra", e que arte não seja direcionada para uma suposta doutrinação. "Vamos promover uma cultura alinhada às grandes realizações de nossa civilização judaica-cristã", garantiu.
Alvim ressaltou que uma das tarefas do governo está "a criação de uma nova geração de artistas", indicando que o novo trabalho serve para a edificação de nossa civilização brasileira".
No final, ele concluiu seu discurso com "para a glória de Deus" e "que Deus os abençoe".
Tom que chamou a atenção
De acordo com a coluna, Alvim se reuniu com autoridades de governos da Hungria, Polônia e Grécia, direcionados à direita. Porém, foi o discurso lido pelo secretário, enviado à coluna por uma das delegações estrangeiras, que chamou a atenção pelo tom.
Após o discurso, o colunista relatou que um governo europeu tomou a palavra para fazer amplos elogios à arte brasileira e sua diversidade. A publicação também aponta que o discurso chegou a gerar sorrisos por parte de alguns governos e que organizadores em Paris ainda colocaram a fala do secretário para o final do dia, atendendo a um pedido do governo para que a presença de Alvim não coincidisse com a de delegações de Cuba e Venezuela.
Procurada pelo colunista, a Secretaria da Cultura não se manifestou sobre o discurso de Alvim.