Episódio final de uma saga que começou em 2008 com o lançamento de Homem de Ferro, o blockbuster Vingadores: Ultimato tem uma peculiaridade: não basta o dever de assisti-lo, você precisa fazê-lo o quanto antes se não quiser ter a experiência prejudicada por algum vazamento do que acontece na trama, por spoilers (a propósito, este texto é livre deles).
Sendo assim, o segundo final de semana de exibição do filme em Porto Alegre reuniu verdadeiros heróis na arte de evitar spoilers, saltando de notícias nas redes sociais feito o Homem-Aranha, ou se tele transportando das conversas no trabalho como o Doutor Estranho.
Boa parte dos espectadores entrevistados por GaúchaZH haviam tentando adquirir ingressos na primeira semana, sem sucesso. Tiveram de manter os ouvidos tapados por uma semana. Caso de Daniel Walczynsky, de 35 anos, e do filho Gustavo, de seis.
— Ele ficou tão decepcionado que eu tive de negociar para ficar com ele dois finais de semana consecutivos. Dessa vez, me precavi e comprei o ingresso pela internet — conta Daniel, enquanto o menino chacoalha a réplica do Mjolnir, martelo de Thor.
A precaução de Daniel explica o saguão estranhamente vazio do GNC do Praia de Belas Shopping na tarde de sábado, onde o filme ocupava quatro das seis salas em variações de dublado ou legendado, 3D ou convencional. O filme ocupa 92% das salas do Brasil e 62% de Porto Alegre. As filas eram pequenas porque praticamente todos os ingressos já haviam sido comprados antecipadamente online. Restavam poucos lugares, de nariz colado para a tela. Por volta das 17h, o casal William e Janaina Bartz, de 27 e 26 anos, comprava os últimos ingressos para as 21h40min.
— Menos mau que eu não sou "spoilerfóbico". Até porque fiquei sabendo de uma morte importante. Não vou falar para não estragar o filme dela — diz William.
— Na verdade, eu não me importo. Só venho acompanhar ele — dá de ombros, Janaina.
Depois de uma semana e meia em cartaz (o filme teve pré-estreia na meia-noite de 24 de abril), este também foi o primeiro final de semana em que muitos fãs do Interior encontraram assentos disponíveis para assistir ao filme na Capital. É o caso do casal Cristiano Rodrigues Souza, 34 anos, e Roberta Rosa, 27, que trouxeram Arthur Trindade de Souza, de cinco, de Charqueadas. A saga de mais de três horas seria o primeiro filme do garoto no cinema, devidamente vestido com a camiseta do Homem de Ferro.
— Ele curte as armaduras do Tony Stark. Estou curiosa pra ver o Hulk, que mal deu as caras no primeiro filme — diz Roberta.
Dentro das sessões, Vingadores: Ultimato tem sido uma experiência de risos, lágrimas e momentos de tensão tão silenciosos que, se uma criança fala algo, o cinema inteiro ouve. É o que conta Rodrigo Greve, de 29 anos, e Lauren Otaran, 25, que saíram da sala dedando os momentos em que um ou outro chorou. Aguardaram até o último letreiro pra ver se havia uma cena pós-crédito — tradição em filmes da Marvel — mas as luzes se acenderam sem que nada acontecesse.
— Sabe que eu até gostei de não ter? Acho que ajudou a dar uma cara de final mesmo. Achei muito legal eles terem encontrado uma forma de fechar esse ciclo de filmes. Tipo: foi bom, mas essa história acabou. É melhor assim do que lançarem filmes cada vez piores até ninguém aguentar mais — declara Rodrigo.
O final da saga Marvel e ânsia por assisti-lo assim que possível fez Vingadores: Ultimato ser o filme a atingir mais rápido a cifra de US$ 1 bilhão em bilheterias (em apenas três dias). Na quinta-feira passada (2), Joe Russo, um dos diretores do filme, declarou em entrevista que a partir desta segunda-feira (6) os fãs estão "autorizados" a falar sobre o filme. Então é melhor correr para evitar brigas.
A boa notícia é que essa mesma urgência deve fazer com que o filme deixe de ocupar tantas salas ao mesmo tempo em breve. Trata-se de um fenômeno colossal, mas que também deve passar relativamente rápido graças à demanda imediata de sessões.
Mas não será assim tão cedo. No GNC do Praia de Belas Shopping, GaúchaZH procurou por quase duas horas alguém que tivesse comprado ingresso para algum dos outros filmes em cartaz. Teve um fio de esperança ao avistar Janira Coutinho, de 80 anos, saindo da bilheteria. Perguntamos que filme ela assistiria:
— Como é mesmo? Avengers (título original do filme)!
Animada, Janira caminha até o display de papelão com as silhuetas dos heróis e aponta os personagens cujos filmes já assistiu.
— Assisti o deste (Capitão América), este aqui também (Rocket Raccoon, de Guardiões de Galáxia) . Não lembro os nomes de todos, mas vejo todos para acompanhar as crianças — diz ela apontando para os parentes: o filho André, a nora Alissandra e a irmã da nora, Andréia.
Todos marmanjos de 30 a 45 anos. Definitivamente, é tempo de Vingadores.