Se pensasse em contar a quantidade de fãs dos Vingadores e da capacidade do grupo que foi às salas de cinemas nos primeiros minutos desta quinta-feira (25), para acompanhar a pré-estreia de Ultimato, Thanos jamais ousaria acabar com o universo. Alguns deles até poderiam ser confundidos com os próprios heróis da franquia Marvel. Com esse ar de expectativa e diversão, os admiradores da franquia lotaram as salas do GNC Cinemas, no shopping Praia de Belas, na Capital.
Mais de 30 salas da Capital promoveram as primeiras sessões de um dos filme mais aguardados dos últimos anos. O clima foi parecido em quase todas, segundo relatos de fãs que garantiram ingressos com bastante antecedência: fila grande para a pipoca; felicidade por não ter de encarar trailers antes da sessão de quase três horas de duração; decepção por não ter cenas pós-créditos; choro em algumas cenas; vibração em outras; muita espera para conseguir transporte por aplicativo após a maratona.
Um dos personagens mais populares entre os presentes no GNC Praia de Belas, sem dúvida, era o Homem-Aranha, ou melhor, Eduardo Souza Zwetsch, de 19 anos. Fantasiado com a roupa completa do aracnídeo, o estudante conta que acompanha o universo desde que era pequeno e montou seu primeiro cosplay aos sete anos. Desde então, assistiu todos os filmes do universo Marvel e até se aventurou em se fantasiar como o Coringa, de Batman.
Mas, ué? Vale misturar um personagem da DC Comics com um da Marvel?
— Claro que sim, nunca vi problema, mesmo um sendo o vilão (risos). São dois universos diferentes, mas me identifico mais com o Peter Parker, me sentia excluído e impopular. A partir do momento que passei a fazer a fantasia, me senti mais aberto, ajudou a perder a vergonha e a ser outra pessoa — conta Zwetsch.
Algumas das histórias mais marcantes de sua vida envolvem o personagem. Na estreia de Guerra Infinita, também fantasiado como Peter Parker, ele ficou tão solto que decidiu ir tirar sarro da plateia durante os créditos finais. Um espectador o desafiou a fazer o mortal característico do Aranha no meio da sala e, ao tentar, caiu de cara no chão. Lembra do feito com risadas.
Com o mesmo filme, viveu um capítulo triste: precisou encarar uma prova de matemática logo depois de uma das sessões do longa-metragem de 2018.
— Fiquei duas vezes derrotado: pelo filme, que me fez chorar muito, e pela prova — diverte-se o jovem.
— Ele chorou tanto no cinema, que mal conseguia sair da cadeira e até uma pessoa deixou um bilhete: "Calma, é só o fim da nova geração, ele vai voltar". Não interessa, ele chorou igual, porque gostava da nova geração! — lembra o amigo Lucas Ivan Tischler, 18.
A dupla tentou não ver spoilers - como as cenas que vazaram duas semanas atrás -, ao contrário da estudante Juana Arraché, 20 anos, acompanhada do pai José Francisco Arraché, 49, para a sessão da 0h01min. Ela conta que acabou vendo um gif "sem querer" nas redes sociais, que mostrava exatamente como seria o final de Ultimato.
— Apesar disso, quero saber como vão chegar até lá, porque são três horas de filme e vão ter muita coisa para interligar — conta Juana, que também estava vestida com uma roupa de Homem-Aranha.
Novos amigos e o primeiro da fila
Apesar de a sala de cinema ter lugares marcados, Pablo Tiago Barbosa, 23, e Paula Camargo Machado, 22, eram os primeiros da fila: chegaram às 20h - quatro horas antes de o filme começar a ser exibido. Tudo isso porque a expectativa estava nas alturas:
— Só quero entrar logo na sala. Acompanhei todos os filmes, gosto muito do universo Marvel, e o Pantera Negra é o meu favorito. A representatividade dele e o fato de ser um herói negro é algo mega-importante — acredita Pablo.
Além dele, a expectativa era alta também para Hermann Falk, 25, que estava fantasiado como Deadpool. Com a roupa completa, não conseguia nem tirar a máscara para se identificar - tudo pela brincadeira ser ainda mais real, que rendeu até alguns cliques divertidos com o Homem-Aranha no hall do cinema.
Após conhecer o universo Marvel através de Wolverine, ele foi a fundo nas HQs e criou uma relação com Deadpool - mesmo vendo que ele era "horrível":
— Não adianta! Ele faz várias coisas idiotas, mas é tão bem-humorado e cheio de clichês que se renovam que é demais. Nos momentos sérios, você acaba se apegando a ele e vê o quanto humano ele é — explica Falk.
E ser amigo, então, mostrou ser a especialidade de Tiago Silva Sapata, 34. Vestindo uma camiseta imitando o escudo dos Vingadores, ele percebeu que várias pessoas no hall estavam com a mesma peça de roupa. Por isso, não pensou duas vezes: mesmo sem conhecer ninguém previamente, convidou um por para fazer uma foto em conjunto.
Este, por exemplo, é um dos maiores ensinamentos que a franquia deixou em sua vida através do Gavião Arqueiro, seu herói favorito:
— Ele tem uma personalidade simpática, mostra que é comum como a gente. Acima de tudo, ele mostra que sempre é legal ter alguém que tenha como poder unir as pessoas, que é o que eu acabo fazendo na minha vida — finaliza Sapata.