Passava um pouco das 15h deste sábado (28) quando começou a movimentação no varandão cultural da Casa do Artista Riograndense. O casarão localizado no bairro Glória, em Porto Alegre, organiza a cada dois meses um sarau que serve para promover o espaço, atrair possíveis novos doadores e melhorar a autoestima dos 10 artistas profissionais que, sem condições de prover o próprio sustento, residem no local.
Com mais de 15 atrações, a edição deste final de semana teve o tema Teatro, Circo e Dança. Entre artistas voluntários e residentes, o palco montado sob as telhas recém doadas – as antigas foram destruídas no temporal do último dia 1º – recebeu apresentações musicais, circenses e até um rádio-teatro.
O espetáculo teatral, aliás, foi organizado pelo residente mais antigo da Casa do Artista. Wilson Roberto Gomes, nascido Edson, conta que escolheu o nome artístico por conta do preconceito do pai, que não queria que soubessem que o filho de 16 anos tinha escolhido seguir carreira atuando no rádio. Ao longo da vida profissional, escreveu, produziu e atuou.
– Eu tinha uma voz muito grave quando era jovem e, no rádio, a voz precisa indicar a idade do personagem. Uma vez eu cheguei a fazer um mordomo de 76 anos – comenta orgulhoso, ele que hoje tem 75.
Para esta tarde, Wilson escreveu a peça Licença para as Gordas. Com quatro atores, incluindo ele próprio, a comédia conta a história de duas amigas acima do peso que enfrentam com muito orgulho os preconceitos da sociedade e acabam terminando como vitoriosas.
A atração mais famosa da tarde, porém, ficou por conta do pocket show de Frank Jorge. O ex-Graforreia Xilarmônica e Os Cascavelletes, que há pouco mais de duas semanas abriu o show de Paul McCartney em Porto Alegre, fez um show de voz e violão que contou com sucessos como o hit Amigo Punk, e os covers Boca a Boca (de Odair José) e Se Você Pensa (de Roberto e Erasmo Carlos).