O diretor do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa, Yuri Victorino da Silva, foi temporariamente afastado da função na última sexta-feira depois de duas historiadoras abrirem uma discussão sobre uma possível irregularidade. Victorino é colecionador e mantém o Centro de Memória e Informação Pessoal Yuri Victorino (Cemip), com seu acervo pessoal. O receio de Alice Trusz e Zita Possamai, que chegaram a recorrer ao Ministério Público no início de junho, é que ele comercialize bens culturais, o que poderia gerar um conflito de interesses.
– A legislação diz que pessoas que trabalham com compra e venda de bens culturais não podem assumir cargos diretivos de museus, porque isso coloca em risco os acervos – explicou Alice.
Leia mais
Museu de Comunicação Social fecha em homenagem a Lauro Schirmer
Uma noite para visitar a arte em Porto Alegre
Artistas ocupam Iphan, em Porto Alegre
No momento, a Secretaria Estadual da Cultura aguarda o resultado de uma análise da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) sobre o assunto. Até lá, quem assume o Hipólito é Graziela Maier Alexandretti, coordenadora do Sistema Estadual de Museus (SEM/RS).
Alice também conta que, depois de levantarem a questão no MP, funcionários do museu presenciaram a retirada de duas malas da instituição fora do horário do expediente. Conforme André Kryszczun, secretário em frente à pasta da Cultura interinamente, no entanto, já foi apurado que se tratava de uma doação que o museu não tinha condições de acolher. Outra questão que vem sendo levantada por acadêmicos é o fechamento do acervo para consulta.
– O Yuri verificou que não havia uma catalogação do acervo. Portanto, decidimos que a equipe ficaria focada em realizar esse trabalho, o que impede que eles atendam o público de forma eficiente. O museu também sofreu inundação, e estava sendo realizado, com nosso consentimento, um movimento do acervo para protegê-lo – declarou Kryszczun.
"Não sou empresário ou comerciante"
Em sua página pessoal no Facebook, Victorino evidenciou o trabalho que vem fazendo no museu Hipólito José da Costa e afirmou não ser comerciante.
"O Centro de Memória e Informação Pessoal de Yuri Victorino é o local em que eu guardo minhas memórias, trabalhos técnicos e coleções. (...) Não é uma empresa. Não comercializo. Não sou empresário ou comerciante. Sou colecionador. E como colecionador, compro, recebo doação ou troco peças para as coleções. Neste sentido, disponibilizei uma Sala de Negócios, onde ficam disponibilizadas algumas peças excedentes para troca. (...) É uma sala de troca-troca. Não há valores. Não há compra e venda. Não caracteriza comércio, pois não visa lucro.", escreveu.
Confira a nota completa: