Há tempos que o videogame deixou de ser apenas um brinquedo de diversão eletrônica para tornar-se um produto cultural. Além do desafio, os jogos também podem apresentar uma narrativa envolvente, que incita o usuário a mergulhar na história – por exemplo, The Last of Us, Shenmue, entre outros –, aproximando-se de mídias como o cinema e a televisão. Lançado na última terça-feira para Xbox One e PC, Quantum Break representa ainda outro salto evolutivo do game como experiência de entretenimento.
Desenvolvido pela Remedy, estúdio responsável por sucessos como Max Payne e Alan Wake, o jogo de ação propõe hibridismo de videogame e série de televisão. Utilizando atores tanto para a captura dos movimentos do jogo quanto para o live-action da trama, Quantum Break tem como protagonista Jack Joyce (Shawn Ashmore, que viveu o Homem de Gelo na franquia X-Men). Ele volta a sua cidade natal, Riverport, após receber um convite urgente de seu amigo de infância Paul Serene (Aidan Gillen, famoso por interpretar Petyr Baelish, o Mindinho de Game of Thrones), um físico bem-sucedido. Ao chegar à universidade local, Jack depara-se com a máquina do tempo projetada por seu amigo, que quer a sua ajuda para testá-la. É claro que o experimento não dá certo: abre-se uma ruptura no tempo, e cabe ao herói tentar arrumar a bagunça. Ao menos, Jack ganha poderes especiais no desastre. Por trás de tudo está a Monarchy Solutions, uma organização paramilitar que controla boa parte da cidade.
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Sem entrar em mais detalhes no enredo, pois uma das virtudes de Quantum Break são as reviravoltas na narrativa, o elenco conta ainda com Dominic Monaghan (que viveu Charlie Pace, em Lost) e Lance Reddick (de séries como The Wire, Oz e Fringe). Na trilha sonora, há nomes como Nick Cave, Paramore e The Black Keys.
O título é dividido em cinco atos, e entre cada um deles há um live-action de cerca de 20 minutos explorando outros núcleos da história, principalmente os bastidores da antagonista Monarchy. Assim como os elementos coletáveis que o jogador encontra explorando o game – e-mails, documentos e programas de rádio –, os episódios da série enriquecem a compreensão da trama e aumentam o estofo da narrativa, o que torna a experiência de Quantum Break mais imersiva. É como jogar um game e assistir a sua adaptação televisiva ao mesmo tempo, como aponta o site Kotaku.
Entre cada ato, o jogador precisa escolher entre dois caminhos. A decisão influencia na série e em alguns personagens – dependendo da escolha, há quem receba mais destaque ou é esquecido –, mas nada que mude radicalmente a narrativa principal.
E o gameplay?
Sempre há aqueles jogadores mais impacientes, que não se interessam muito pela história e costumam pular os vídeos que contextualizam a trama. Talvez esse tipo de usuário não morra de amores por Quantum Break.
Apesar de interessante, o desafio do game como tiro em primeira pessoa (FPS) não é dos maiores. Conforme Jack aprende a manipular o tempo, os inimigos tornam-se, gradativamente, presas fáceis. O protagonista é muito superior aos seus adversários, quase sem nenhum oponente à altura. Os quebra-cabeças e os momentos em que é necessário saltar em plataformas também não exigem muito do jogador.
De qualquer maneira, vale também destacar os belos gráficos do título, assim como os momentos de lapso temporal, cuja atmosfera caótica lembra os sonhos do filme A Origem (2010).
Quantum Break pode não ser o game mais indicado para quem não quer saber de conversa, porém é um título essencial para quem deseja apreciar não só um jogo ou uma série, mas sim uma experiência.