Nunca imaginei que iria presenciar um encontro entre o Pequeno Príncipe e a Princesa com Alma de Galinha. Porém, por conta do espírito de Natal, os dois personagens da literatura fantástica acabaram juntos na minha mesa de cabeceira.
Dezembro é sempre surpreendente: já na primeira semana, ganhei uma caixa de vinhos que terei de passar adiante porque não bebo sequer aquele gole de champanha simbólico da hora do brinde. Recebi, ainda, dois pirulitos personalizados das mãos do próprio Papai Noel, que é meu vizinho de bairro. E me chegaram pelo correio dois livros maravilhosos, que devorei na primeira sentada. Deles saltaram as nobres figuras referidas no início deste texto.
O Pequeno Príncipe é o próprio, aquele mesmo criado pelo francês Saint-Exupéry, o Zeperri que andou por Florianópolis e Pelotas nos seus tempos de piloto do correio aéreo. Chegou às minhas mãos num belíssimo volume verde da Companhia das Letrinhas, enviado por uma amiga querida que vive distante, mas jamais esquece seus afetos. Contém aquela história encantadora que todos conhecemos, cheia de metáforas e mensagens humanas - o segundo livro mais lido no mundo, traduzido para mais de 250 idiomas - e mais uma biografia espetacular do autor, acompanhada de informações curiosas, desenhos inéditos e de um álbum de fotos da Aéropostale no Brasil. Leitura imperdível, belíssimo presente.
A Princesa com Alma de Galinha veio de Portugal, no interior do livro de contos do luso-angolano Valter Hugo Mãe, editado pela Porto Editora. Presente do amigo de um amigo, que por tabela também se tornou meu amigo. Nunca tinha lido nada desse escritor de nome estranho, que andou nos visitando outro dia para palestrar no Fronteiras do Pensamento. Encantei-me com a princesa que queria ser enfermeira e que vivia cercada de bichos. Trata-se de uma verdadeira alegoria do amor à natureza, à simplicidade e à vida, tudo isso na linguagem contagiante da fantasia.
O casal de pequenos príncipes antecipou o meu Natal. Tudo o que vier agora será lucro - exceto bebidas alcoólicas, que respeitosamente já vou dispensando. Livros de bom gosto, como esses que recebi, são mais embriagantes do que o vinho e mais doces do que pirulitos.