Por suas datas festivas, em setembro o Rio Grande do Sul ocupa espaço maior em meus pensamentos. Da letra hiperbólica de seu hino ("sirvam nossa façanhas de modelo a toda Terra") à situação catastrófica de suas finanças, tudo do Estado me assalta, ressalta e dói. Não se trata de renegar tradições e características peculiares. O Rio Grande é a "minha aldeia". Mas não cabem em mim ufanismos ou bravatas. Rejeito a reverência a um passado glorioso que desconhece a realidade traumática do presente. Responda aí: são nossos o pôr do sol mais bonito, a rua mais bela e a maior cantora? E as mulheres mais lindas, o público mais culto, a carne mais saborosa? Se você respondeu sim a essas perguntas, você é o gaúcho típico. Desses que se bastam a si mesmos e com os quais não adianta argumentar.
Coluna
Luciano Alabarse: coração em farrapos
O colunista escreve quinzenalmente no 2º Caderno