Em depoimentos, tradicionalistas, amigos e familiares homenageiam Nico Fagundes, que morreu nesta quarta-feira, em Porto Alegre, aos 80 anos.
"Tem tanta coisa para dizer dele. Ele era tão orgulhoso dessas coisas de ser gaúcho. Era um homem múltiplo: antropólogo, radialista, apresentador, historiador. Um cara que estudou a vida toda. Não tem nenhum apresentador no Brasil que tenha ficado tanto tempo com o mesmo programa, na mesma emissora, como ele. Além de sobrinho e admirador, eu recebi dele esse legado de levar adiante o Galpão Criolo. Desde pequeno meu pai ensinou a gente a admirar o tio Nico" (Neto Fagundes, Cantor, compositor e apresentador do Galpão Crioulo)
"Ele escolheu o nome do meu filho, Santiago, de três anos. Nossa ligação é muito forte. É uma história bonita que ele deixa. Enquanto tiver uma criança pilchada, tem a mão, a poesia e a história de Antonio Fagundes" (Ernesto Fagundes, músico e compositor)
Veja o legado de Nico Fagundes na academia, na música, no cinema e na TV
"O Nico é a figura fundamental para o alcance da comunicação da tradição gaúcha, fora tudo que ele fez como poeta, como escritor, como folclorista. Eu fico muito feliz hoje de estar fazendo parte de uma história que começou por ele na televisão. A obra dele tem um papel importante na comunicação. Ele foi e vai ser para sempre o comunicador da tradição gaúcha, o principal responsável da possibilidade de comunicar na televisão sobre a arte gauchesca. O principal personagem foi ele" (Shana Müller, jornalista, cantora, colunista de ZH e apresentadora do Galpão Crioulo)
Moisés Mendes: Nico é o gaúcho
"Casualmente, hoje, eu estava conversando com uns meninos da TV e a frase que me ocorreu foi: se a gente virar todas as páginas dos últimos 50 anos da cultura do Rio Grande do Sul, dificilmente não vai estar o Nico. Quer seja na parte da pesquisa, do folclore, do historiador, quer seja como o homem de mídia, imprensa, dos festivais. Não tem um dia da cultura do RS dos últimos 50 anos que não tenha o Nico. É tanta coisa a ser dita que a gente não sabe por onde começar. Ele é um ícone, um grande expoente da cultura do nosso Estado" (Vinícius Brum, cantor e colunista de ZH)
Corpo de Nico Fagundes será velado no Piratini, a pedido de Sartori
"O Nico comandou o programa que foi um espaço para a cultura tradicionalista dentro da televisão. Ele foi um dos maiores divulgadores da nossa cultura. Era um poeta nato. O Nico, se tu pedisse para ele fazer poesia na hora sobre um tema, ele fazia em cinco minutos, com uma facilidade incrível. Tinha uma memória fantástica. Aliado a isso, ele tinha uma veia artística interessantíssima: no momento que falava de um fato histórico, ele representava isso. Parecia que tinha vivido isso. Viajamos com o Galpão Crioulo para Uruguai, Argentina, Mato Grosso, percorremos todo interior do RS. Então tínhamos uma convivência muito intensa. Quando a gente fazia o programa com o público, víamos que ele era ídolo. As pessoas tinham muita admiração por ele. Ele era artista. Aqueles que já nascem com talento" (Rosana Orlandi, diretora do Galpão Crioulo)
"O Nico foi um artista brilhante, de inteligência rara. Um cara que amou ferrenhamente a sua terra, a querência como um todo. E deixa um legado muito forte na área de conhecimento, de literatura gaúcha, de pesquisa, de história. Inclusive na dança. Ele foi um grande professor de dança no RS. Talvez tenha sido um dos homens mais comprometidos com esse departamento. Um cidadão orgulho para o Estado" (Luiz Carlos Borges, músico instrumentista e compositor)
A vida de Nico, em fotos: