Autor de F (Ed. Rocco, 2014), romance que homenageia Orson Welles e seu filme Verdades e Mentiras (F for Fake, 1973), o escritor Antônio Xerxenesky foi provocado por Zero Hora a dar um depoimento sobre o cineasta que o inspirou. Confira:
Welles fez mais do que 'Cidadão Kane'
7 filmes fundamentais de Orson Welles
7 pensamentos do artista e grande cineasta
É muito fácil ficar obcecado por Orson Welles, e para entender um dos vários motivos que despertam tanta curiosidade na sua figura, basta olhar o início e o fim de sua carreira no cinema.
Primeiro houve Cidadão Kane, o filme que até hoje recebe o epíteto de "perfeito": tudo está no lugar certo, roteiro, fotografia, atuações, como um quebra-cabeça imenso montado diante dos olhos do espectador. Foi realizado quando Welles tinha 20 e poucos anos, o que nos faz acreditar como nunca no conceito de "gênio".
E então saltamos para Verdades e Mentiras, o último filme completado de Welles, 30 anos após Kane. O gênio frustrado, expulso de Hollywood, de corpo rotundo, devastado, com voz rouca. Tudo o que Kane tem de coeso e acessível, Verdades e Mentiras tem de irregular e confuso. É uma celebração do caos, das várias camadas de ficção que compõem o cinema.
Vídeo: críticos de ZH falam sobre Welles:
Se, em Kane, Welles definiu o mais alto padrão do cinema moderno, em Verdades e Mentiras deu origem ao pós-moderno. E é observando o ponto de partida e o ponto de chegada que um ficcionista consegue se perder imaginando uma trajetória, um percurso, uma guinada.
É algo que pode gerar uma obsessão terrível que só pode ser resolvida de uma forma: escrevendo um romance, que foi justamente o que fiz.
Leia todas as notícias de Cinema em ZH
As notícias de Literatura no site de Zero Hora