Três grandes cronistas, Luis Fernando Verissimo, Cláudia Laitano e o patrono da Feira do Livro Luís Augusto Fischer, se reuniram para um bate-papo sobre A Crônica, nossa e sem tradução, levando fãs e convidados às 18h30 dessa quarta-feira ao Auditório Barbosa Lessa do Centro de Cultura Érico Verissimo. A conversa foi focada em Veríssimo, que respondeu perguntas dos companheiros.
- A crônica é uma espécie de "recreio" dentro do jornal. As pessoas leem buscando justamente a ironia e o humor, além da opinião clara do autor - define Verissimo.
Ele fala de suas influências trazidas da cultura americana, onde morou em dois momentos da vida, e que sua reintegração no Brasil deu-se por meio da leitura e do futebol.
- Quando comecei a escrever, de tanto ler em inglês, acabei bastante influenciado pelo estilo americano.
E conta que muitos de seus romances foram traduzidos, mas suas crônicas não. Ao que Fischer opina:
- Talvez por que seja preciso descobrir efeitos parecidos e equivalentes culturais na adaptação para língua traduzida, em se tratando de ironia e apelos linguísticos que podem se tornar difíceis nas traduções.
Para Cláudia, as crônicas são criadas dentro de seu tempo, a partir de uma convenção de sentido. Anos depois, ao serem lidos, causam um estranhamento, "parecem quadrados justamente porque são de outra época".
Fischer e Verissimo dizem que suas inspirações vêm de outros autores para escrever seus textos:
- Quando o trabalho é acadêmico, a inspiração é uma ideia. Mas desde que saí da faculdade, carrego um caderno no qual tenho muitas anotações. Não sou um cara super criativo como Veríssimo, mas sou esforçado - considera Fischer.
Sobre seu novo livro, Os Espiões, Veríssimo diz que quando se propôs a escrever o romance só tinha a primeira frase: "Formei-me em letras e na bebida busca esquecer".
- Fui escrevendo aos poucos até que virou um romance, mas de onde veio a história eu não sei explicar. Muitas vezes descubro o que penso sobre determinado assunto no ato de escrever. Isso acontece muito - confessa.