Confesso que gosto do virundu, o "ouviramdoipiranga" dos tempos de colégio, dos estádios de futebol, das manifestações, das ruas e das escadarias, o "ouviramdoipiranga" que, nos tempos da ditadura, foi sequestrado pelo poder da hora e se transformou num símbolo de civismo impingido e obrigatório. É uma peça de arqueologia, esse Hino Nacional. Por aqui, tudo o que é do século 19 já se transferiu há longo tempo para a categoria de museu, acolhido - sem volta - para aquela categoria de "poeira do passado" que, dizia o francês Claude Debussy, nem sempre merece respeito. Mas não o virundu. Para ficarmos apenas nos compositores, o Hino Nacional é menos poeira do passado e mais, como diz Ary Barroso na sua hiper-ufanista Aquarela do Brasil, um "abre a cortina do passado". Pois se vão quase 200 anos e as margens plácidas do Ipiranga (ou seria Ypiranga?) continuam lá.
Sonoridades
Celso Loureiro Chaves: Virundu
O que se pode ouvir num 7 de setembro, já que nem tudo se resume aos hinos e às memórias dos hinos?