No final da noite de sexta (2), o Palco Atlântida foi tomado pelo trap. Primeiro, com Vulgo FK e, na sequência, com Oruam contando com TZ da Coronel como convidado.
Filype Kaique da Silva, mais conhecido Vulgo FK, é natural de São Paulo (SP) e despontou com covers que divulgava nas redes sociais. Até que o MC Kevin tomou conhecimento e o convidou para participar de projetos com ele.
Gradativamente, o rapper foi adquirindo popularidade — especialmente por meio do TikTok, com os hits Oi, Como Cê Tá? e Pandora, que entraram no setlist do Planeta Atlântida. Aos 27 anos, ele já acumulou um leque de feats com nomes como Carol Biazin, Marina Sena, Xamã e diversos rappers.
Seu segundo álbum de estúdio, Perdas & Ganhos, saiu na metade do ano passado e, na ocasião, se tornou o mais ouvido entre os discos brasileiros no Spotify. Em entrevista, Vulgo Fk disse que queria ser romântico no álbum, mas também queria gângster e queria ser safado.
Com um show hipnotizante e malicioso, ele apresentou hits como Ballena, que colocou o público para pular e cantar junto. Meca Cereja, Celine, 2023 e Mandona (Se Eu Te Dissesse) também entraram no repertório e empolgaram os planetários presentes.
Oruam e Tz da Coronel
Já nos primeiros minutos deste sábado (3), Oruam incendiou o Palco Atlântida com Invejoso, incitando o público a mostrar o dedo do meio para, bem, os invejosos. Natural do Rio de Janeiro, Oruam é Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, 22 anos. Ele é filho de Marcinho VP, um dos principais traficantes do Rio de Janeiro e apontado como líder da facção Comando Vermelho. Aliás, ele eternizou o rosto do pai com uma tatuagem no lado esquerdo do peito.
Em sua estreia no Planeta, ele colocou os planetários para cantarem singles como Horas Iguais e Papo de Agustinho. Quando foi a vez de cantar Poesia Acústica #13, TZ da Coronel se somou ao show. A partir daí, os dois dividiram o palco.
TZ da Coronel é Matheus Santos, 22 anos. Ele nasceu em Cabo Frio (RJ) e iniciou sua trajetória nas batalhas de rimas. Além do trap, sua sonoridade também agrega ritmos como funk, R&B e afrobeat.
Ele começou a estourar no começo dos anos 2020, especialmente impulsionado pela música Anota a Placa. Segundo o cantor em entrevista, o pessoal que jogava GTA e Free Fire começou a abraçar sua música, que foi para o Tiktok e explodiu.
O trapper já ganhou até a benção de Caetano Veloso. Ele é citado na música Sem Samba Não Dá, que integra o disco Meu Coco (2021). Depois de Poesia Acústica #13, TZ emendou Inefável, fazendo o público cantar os versos “Por isso que águia só anda com águia/ Por isso que óleo não mistura com água (não mistura com água)/ Por isso que um alemão não anda comigo (alemão)/ Por isso que eu separo o joio do trigo”. Ele seguiu com Coração Partido, Alma, Dacoromode e animou o público com Engana Dizendo que Ama. Fechou com Não Faz Isso Comigo Não.
A partir daí, Oruam reassumiu cantando Poesia Acústica #15. Para finalizar, ele apresentou seu single mais recente, Rolé na Favela de Nave – transformando o show trap em baile em funk.
Além dos três, o trap este ano está sendo representado no festival por nomes como Veigh, Matuê, Teto, Wiu e MC Cabelinho, que se apresentou na sexta no Palco Planeta.
Trap
Com origem na década de 1990, no sul dos Estados Unidos, o subgênero do rap se caracteriza por uma batida lenta e arrastada, texturas eletrônicas e uso de sintetizadores na voz. As letras, costumeiramente, abordam temas como superação, ostentação, sexo e drogas.
No Brasil, o trap começou a eclodir nos anos 2010. Aos poucos, o subgênero se aproximou bastante do funk, mas também transitou por outros gêneros nacionais como pagode e até sertanejo. Embora ainda não desbanque o sertanejo, ano após ano o subgênero vem numa crescente nas plataformas digitais, tendo sua base no público jovem.
Em 2023, sucessivos lançamentos de nomes como Kayblack, Matuê e Cabelinho alavancaram ainda mais o trap no país.