Matheus Possebon, empresário Alexandre Pires, deixou a prisão na sexta-feira (8), depois de ter um habeas corpus concedido pelo Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1).
Na terça-feira (5), ele foi preso preventivamente pela Polícia Federal de Santos, no litoral de São Paulo, após desembarcar do cruzeiro temático do artista, acusado de envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro de garimpo ilegal nas terras indígenas Yanomami.
A desembargadora responsável pela decisão, Maria do Carmo Cardoso, afirmou que existem "diversas situações fáticas que ainda merecem esclarecimentos" no que diz respeito à investigação e impôs diversas condições para a concessão de liberdade.
Dentre as regras estabelecidas, é necessário o comparecimento periódico em juízo para informar e justificar suas atividades, comparecer a todos os atos do processo e evitar a obstrução do seu andamento, além de comunicar qualquer alteração de endereço.
Caso não cumpra com as condições, a prisão preventiva poderá ser decretada.
Ao g1, a defesa de Matheus Possebon informou que "felizmente o erro foi corrigido".
Operação Disco de Ouro
A investigação foi aberta depois que a Polícia Federal apreendeu, em janeiro de 2022, quase 30 toneladas de cassiterita extraída ilegalmente na sede de uma das empresas suspeitas. O carregamento seria enviado ao Exterior. A cassiterita é encontrada na forma de rocha bruta. Ela costuma ser vendida na forma de um pó concentrado, obtido após o processo de mineração. Também é útil para a extração de estanho.
A Polícia Federal afirma que os investigados teriam montado um esquema para dar aparência de legalidade ao garimpo. A cassiterita seria extraída no território yanomami, em Roraima, mas declarada no papel como originária do Rio Tapajós. Ao longo do inquérito, a PF identificou uma rede de pessoas e empresas envolvidas na operacionalização das fraudes.
"Foram identificadas transações financeiras que relacionariam toda a cadeia produtiva do esquema, com a presença de pilotos de aeronaves, postos de combustíveis, lojas de máquinas e equipamentos para mineração e laranjas para encobrir movimentações fraudulentas", diz o comunicado divulgado pela PF.
O advogado de defesa de Possebon, Fábio Tofic Simantob, afirmou que a prisão "foi decretada por conta de uma transação financeira com empresa que Matheus não mantém qualquer relação comercial".
"Mais grave ainda, a prisão se deu sem que Matheus pudesse ao menos esclarecer a transação. A defesa, porém, está certa de que esta violência será prontamente desfeita, e que Matheus poderá em liberdade comprovar que nada tem a ver com esta investigação", diz o comunicado.
A reportagem do Estadão tentou contato com Alexandre Pires, mas não teve retorno até o momento desta publicação. Os advogados do cantor enviaram uma nota pública ao Estadão negando o envolvimento do cantor com o garimpo ou extração de minério. Eles ainda negam "qualquer ato ilícito".