O empresário do cantor Alexandre Pires, Matheus Possebon, foi preso preventivamente pela Polícia Federal de Santos, em São Paulo, após desembarcar do Navio Alexandre Pires, cruzeiro temático do artista, de acordo com informações do g1 publicadas nesta terça-feira (5).
Vice-presidente da Opus Entretenimento, empresa que faz o gerenciamento de carreira de grandes artistas brasileiros, ele está no centro de investigações por financiar o garimpo na terra indígena yanomami. Possebon seria um dos "responsáveis pelo núcleo financeiro dos crimes", afirma a PF.
Além dele, outros empresários e garimpeiros estão sendo investigados por movimentarem R$ 250 milhões em transações com cassiterita, minério usado para a produção de tintas, plásticos e fungicida, e que foi extraído ilegalmente.
Alexandre Pires foi conduzido na manhã de segunda-feira (4) à sede da PF em Santos, ouvido e liberado. O pagodeiro é suspeito de ter recebido R$ 1 milhão de uma mineradora investigada em um esquema de financiamento e logística do garimpo ilegal.
Além de Alexandre Pires, outros artistas são atendidos por Possebon e pela Opus, como Ana Carolina, Seu Jorge, Daniel, Jota Quest, Raça Negra, Roupa Nova, entre outros. Nenhum deles foi citado ou é investigado pela PF por garimpo ilegal.
A reportagem de GZH tentou contato com os representantes da Opus Entretenimento e de Possebon para comentar o caso, mas até a publicação deste texto, não obteve retorno. Posteriormente, a produtora divulgou um comunicado nos stories do Instagram, em que nega envolvimento com atividades ilegais. Leia a nota na íntegra abaixo.
O que diz a Opus
A Opus Entretenimento, presente há 47 anos no mercado de eventos, fomentando há décadas a cultura e o entretenimento no país, vem a público informar que desconhece qualquer atividade ilegal supostamente relacionada a colaboradores e parceiros da empresa.
Em relação a Alexandre Pires, uma das grandes referências da música brasileira, a Opus, responsável pela gestão de sua carreira, manifesta sua solidariedade ao artista, confiando em sua idoneidade e no completo esclarecimento dos fatos.
A Opus mantém o seu compromisso de promover a cultura e levar o entretenimento ao público brasileiro.
Operação Disco de Ouro
A investigação foi aberta depois que a Polícia Federal apreendeu, em janeiro de 2022, quase 30 toneladas de cassiterita extraída ilegalmente na sede de uma das empresas suspeitas. O carregamento seria enviado ao Exterior. A cassiterita é encontrada na forma de rocha bruta. Ela costuma ser vendida na forma de um pó concentrado, obtido após o processo de mineração. Também é útil para a extração de estanho.
A Polícia Federal afirma que os investigados teriam montado um esquema para dar aparência de legalidade ao garimpo. A cassiterita seria extraída no território yanomami, em Roraima, mas declarada no papel como originária do Rio Tapajós. Ao longo do inquérito, a PF identificou uma rede de pessoas e empresas envolvidas na operacionalização das fraudes.
"Foram identificadas transações financeiras que relacionariam toda a cadeia produtiva do esquema, com a presença de pilotos de aeronaves, postos de combustíveis, lojas de máquinas e equipamentos para mineração e laranjas para encobrir movimentações fraudulentas", diz o comunicado divulgado pela PF.