É "brilhando em vida, sorrindo à toa, só vibrando amor e paz", como cantam em Sorri, Sou Rei, que os integrantes do Natiruts prometem subir pela última vez ao palco do Planeta Atlântida. O grupo será atração do segundo dia do festival, marcado para os dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro, na Saba, em Xangri-lá.
A apresentação ocorre em meio à turnê derradeira dos regueiros, que anunciaram o fim das atividades como grupo no início de 2024.
— Não poderíamos fazer essa despedida sem tocar no Planeta Atlântida, um dos festivais mais importantes e longevos do país — afirma Alexandre Carlo, vocalista, guitarrista e compositor do grupo.
Com quase três décadas de carreira, 11 discos e mais de 100 faixas lançadas, o Natiruts tem uma extensa lista de canções de sucesso, lembradas ao primeiro acorde por grande parte dos brasileiros. Os exemplos são muitos: Quero Ser Feliz Também, Liberdade pra Dentro da Cabeça, Natiruts Reggae Power, Você me Encantou Demais, Presente de um Beija-Flor, Deixa o Menino Jogar, Meu Reggae É Roots, Andei Só e a própria Sorri, Sou Rei, só para citar algumas das regueiras.
O suprassumo do vasto repertório da banda é o que deve ser apresentado ao público do Planeta Atlântida, em um show que se assemelha ao da turnê de despedida, mas é adaptado ao formato de festival. Já a tour chegará à Capital em 15 de março, após adiamento imposto pela enchente.
Conforme Luís Maurício, baixista do grupo, as apresentações serão marcadas pela "entrega total" dos integrantes da banda:
— Estamos fazendo todos os shows como se fossem os últimos, e realmente são (risos). Queremos curtir, vivenciar e desfrutar a cada instante, cada música, e sentir essa troca do público com a gente.
Bastidores do término
Alexandre e Luís Maurício são os remanescentes da formação original do Natiruts, que iniciou sua caminhada artística na Brasília de 1996, primeiramente com o nome de Nativus. A banda experimentou diferentes configurações ao longo dos anos, mas sempre passou longe das polêmicas. É por isso que a notícia do término, anunciada por eles em fevereiro, pegou todos de surpresa.
Contudo, conforme Alexandre, a ideia já vem sendo amadurecida desde meados de 2018, ano em que foi lançado o último disco de inéditas do grupo. De lá para cá, o músico diz ter convivido com a sensação de que "já havia chegado ao limite dentro do reggae".
A percepção era compartilhada por Luís Maurício, e o martelo foi batido de comum acordo, no momento em que ambos entenderam ser o certo. Sem briga, sem desentendimentos, só com motivos para se orgulhar da trajetória construída conjuntamente.
— É a primeira vez na história que o vocalista não é o causador da discórdia (risos) — brinca Alexandre. — Foi uma decisão tomada muito em paz, para continuarmos sendo sinceros com a nossa arte, e a mais acertada que poderíamos ter tomado — explica.
— Sempre brincamos com o exemplo do Pelé, que depois de ser tricampeão do mundo com a Seleção, anunciou que iria se aposentar. É importante saber a hora de parar, e acho que a gente escolheu o momento certo. Chegamos ao ponto mais alto que podíamos, fomos muito além do que imaginamos. O sentimento é de dever cumprido — acrescenta Luís Maurício.
O grupo vem colecionando shows com lotação máxima na turnê de despedida, iniciada em junho, no estádio Mané Garrincha, no Distrito Federal. Em São Paulo, encheram o Allianz Parque nas quatro datas que foram abertas, duas delas extras. Já em Porto Alegre, o show ocorre no Estádio Passo D'Areia, o Zequinha, também com promessa de sold out.
— Estamos nos enxergando em um lugar onde estávamos acostumados a ver os Rolling Stones, as grandes bandas internacionais. Nunca imaginamos que um dia tocaríamos em estádios lotados — confessa o baixista do Natiruts.
A adesão do público surpreendeu os artistas, que previam despertar alguma comoção com a despedida, mas não em tão grandiosa escala. Para Alexandre, que agora seguirá em carreira solo, os últimos shows do grupo, incluindo o do Planeta Atlântida, vêm para eternizar o legado do Natiruts na memória e no coração dos fãs:
— O mais importante da nossa carreira é o impacto positivo que causamos na vida das pessoas, através das nossas canções.