O cantor Alexandre Pires e seu empresário, Matheus Possebon, são investigados pela Polícia Federal (PF) por suspeita de envolvimento com o garimpo ilegal em terras indígenas. Endereços ligados ao artista e ao agente foram alvo de buscas nesta segunda-feira (4), na Operação Disco de Ouro.
O cantor teria recebido pelo menos R$ 1 milhão de uma mineradora investigada, de acordo com a PF. Já o empresário é suspeito de financiar o garimpo na terra indígena yanomami. Possebon seria um dos "responsáveis pelo núcleo financeiro dos crimes", afirma o órgão.
A investigação foi aberta depois que a Polícia Federal apreendeu, em janeiro de 2022, quase 30 toneladas de cassiterita extraída ilegalmente na sede de uma das empresas suspeitas. O carregamento seria enviado ao Exterior. A cassiterita é encontrada na forma de rocha bruta. Ela costuma ser vendida na forma de um pó concentrado, obtido após o processo de mineração. Também é útil para a extração de estanho.
A Polícia Federal afirma que os investigados teriam montado um esquema para dar aparência de legalidade ao garimpo. A cassiterita seria extraída no território yanomami, em Roraima, mas declarada no papel como originária do Rio Tapajós. Ao longo do inquérito, a PF identificou uma rede de pessoas e empresas envolvidas na operacionalização das fraudes.
"Foram identificadas transações financeiras que relacionariam toda a cadeia produtiva do esquema, com a presença de pilotos de aeronaves, postos de combustíveis, lojas de máquinas e equipamentos para mineração e laranjas para encobrir movimentações fraudulentas", diz o comunicado divulgado pela PF.
A reportagem do Estadão entrou em contato com a assessoria do cantor, que informou que enviaria uma nota, mas o posicionamento não foi encaminhado até a publicação deste texto.
Alexandre Pires fez sucesso no início dos anos 1990 com o grupo de pagode Só Pra Contrariar. Dez anos depois, decidiu iniciar a carreira solo. O cantor tem mais de 18 milhões de discos vendidos.
Os policiais cumpriram nesta segunda dois mandados de prisão e seis de busca e apreensão em Boa Vista (RR), Mucajaí (RR), São Paulo (SP), Santos (SP), Santarém (PA), Uberlândia (MG) e Itapema (SC). A Justiça Federal também autorizou o bloqueio de até R$ 130 milhões em bens dos investigados. A próxima etapa da investigação será analisar o material apreendido na operação.