A parceria entre Luiz Schiavon, que morreu nesta quinta-feira (15), e Paulo Ricardo foi longa e próspera, marcando a trajetória da banda de rock RPM, que foi um fenômeno de sucesso nos anos 1980. Os dois se conheceram em 1978, quando Schiavon tinha 20 anos e Paulo Ricardo, 16, e fundaram o grupo em 1981.
Apesar de serem parceiros criativos nas composições da banda, os músicos acabaram se desentendendo em diversos momentos e uma batalha judicial foi travada depois de muitas idas e vindas do grupo. O processo foi movido em 2017 por Schiavon, Fernando Deluqui e Paulo Pagni (que morreu em 2019) após Paulo Ricardo ter registrado a marca do RPM apenas no nome dele.
Os músicos alegaram que o cantor quebrou um acordo fechado em 2007 entre os membros do grupo para que nenhum integrante da formação original explorasse individualmente o nome RPM. Paulo Ricardo alegou que, embora a autoria das canções fosse compartilhada com Schiavon, 80% das composições eram de criação dele. Já os outros integrantes argumentaram no processo que: "Paulo Ricardo é um artista que não consegue se sustentar com aquilo que produziu individualmente, mas apenas encostado nas criações de Luiz Schiavon, Fernando Deluqui e Paulo Pagni".
Em 2021, a Justiça proibiu o antigo vocalista de usar a marca e cantar canções da banda, como os hits Olhar 43 e Rádio Pirata, a não ser que tivesse autorização de Schiavon, coautor das obras. Ele também foi condenado a pagar uma multa de R$ 112 mil na época, mas recorreu da decisão.
O RPM se separou pela primeira vez em 1987 e o último reencontro dos membros originais foi em 2017, quando o vocalista avisou que não cumpriria toda a agenda de shows marcados com a banda. Depois disso, Paulo Ricardo foi substituído por Dioy Pallone. Em entrevista ao jornal O Globo, em abril de 2019, o cantor comentou a troca:
— Eu não chamaria o RPM de RPM. Eles não podem usar esse nome, mas enquanto não há uma decisão judicial final, estão usando. Quando vai ver um show dos (Rolling) Stones, você espera ver o (Mick) Jagger. Você não tem um Dire Straits sem o Mark Knopfler. Se você fizer um show dizendo que é o Police e não tiver o Sting, vão quebrar tudo. Um RPM sem mim é como um Secos & Molhados sem o Ney Matogrosso.