A música brasileira se despediu na noite de segunda-feira (8) de Rita Lee, que morreu aos 75 anos, lutando contra um câncer. A despedida é da presença física de Rita, nunca de seu legado. A cantora deixa como eternas as suas grandes canções, responsáveis por embalar diferentes épocas e gerações de brasileiros e, ainda assim, manterem-se como clássicos atemporais.
Seja junto ao grupo Os Mutantes, que ela integrou entre 1966 a 1972, com a banda Tutti Frutti, da qual foi vocalista de 1973 a 1978, ou em carreira solo, Rita Lee sempre imprimiu sua marca nas canções. E são elas, junto da voz e da personalidade inesquecíveis da artista, que ficam para sempre.
Abaixo, GZH relembra 10 músicas que marcaram a carreira de Rita Lee.
Mania de Você
“Meu bem, você me dá água na boca / Vestindo fantasias, tirando a roupa”, dá início Rita Lee nos versos que abrem Mania de Você, uma canção de amor temperada com pimenta, não açúcar, como era o seu estilo. A música integra o disco homônimo lançado por Rita em 1979 e que vendeu mais de 500 mil cópias. Não à toa, é a mais ouvida da carreira dela, conforme dados divulgados em janeiro pelo Ecad. A composição é assinada pela roqueira junto ao marido Roberto de Carvalho, o grande amor da vida dela.
Panis et Circenses
Entre as muitas canções que marcaram a passagem de Rita Lee pelo grupo Os Mutantes, esta é uma das mais emblemáticas. A música integrou o cancioneiro do tropicalismo e rompeu paradigmas musicais da época, mesclando influências da psicodelia e carregando uma forte crítica a Ditadura Militar. A composição é de Caetano Veloso e Gilberto Gil.
Ando Meio Desligado
A música decretou uma nova fase para Os Mutantes, que em 1970, quando Ando Meio Desligado foi lançada, se despedia da sonoridade do tropicalismo para entrar com os dois pés no rock. A canção também explora a voz de Rita Lee com ênfase na mistura entre acidez e doçura que depois viraria definitivamente a sua marca registrada.
Ovelha Negra
Lançada em 1975, com Rita já integrando a banda Tutti Frutti, a música é uma espécie de desabafo da cantora e veio a se transformar no desabafo de toda uma geração. Há quem interprete que, ao dizer que é “a ovelha negra da família”, a cantora estava se referindo ao grupo Os Mutantes, do qual foi expulsa em 1972. Independentemente disso, a canção confortou jovens que não se sentiam representados pela sociedade da época.
Agora Só Falta Você
Ainda integrando a fase Tutti Frutti, a música foi lançada em 1975 e virou um clássico da carreira de Rita Lee. Ocupa a terceira posição no ranking de mais ouvidas da roqueira, conforme o Ecad.
Lança Perfume
Lançada em 1980, com Rita Lee já fora do Tutti Frutti, a música é outra parceria dela com Roberto de Carvalho. A mistura do rock com o estilo disco, que vivia seu auge na década de 1980, fez a canção embalar as boates do país. Ainda hoje, é uma das canções mais icônicas de Rita Lee.
Amor e Sexo
A canção que discorre poeticamente sobre as diferenças entre o amor e o sexo foi composta por Rita, Roberto e Arnaldo Jabour. Lançada em 2005, integrando não coincidentemente o álbum intitulado Balacobaco, Amor e Sexo deu o que falar e chegou a ser indicada ao Grammy Latino como Melhor Música Brasileira.
Erva Venenosa
Embora não seja autoral, a canção é um dos maiores hits de Rita Lee. Trata-se de uma adaptação traduzida de Poison Ivy, do grupo vocal The Coasters, que ganhou o charme da voz de Rita Lee na versão brasileira.
Pagu
Parceria de Rita Lee com Zelia Duncan, a música virou um símbolo do movimento feminista brasileiro — não à toa leva o nome de Pagu, militante do Partido Comunista Brasileiro que veio a ser a primeira presa política do país, ainda na Era Vargas. Com o refrão “Nem toda feiticeira é corcunda / Nem toda brasileira é bunda / Meu peito não é de silicone / Sou mais macho que muito homem”, a música debocha da masculinidade frágil e critica os estereótipos femininos, antecipando discussões que, à época de seu lançamento, em 2000, começavam a ganhar notoriedade.
Reza
Mais atual, Reza foi lançada em 2012, integrando o álbum de mesmo nome. Explorando ao máximo o sarcasmo clássico da roqueira, a música evoca uma prece tipicamente Rita Lee: “Que Deus me livre e guarde de você”.