Saindo de um polvo verde cenográfico, Jão confessou:
— Meu anjo, eu não sou santo, não.
Foi com Santo que o paulista João Vitor Romania Balbino, 28 anos, abriu seu show neste sábado (4), no Palco Planeta. Mais conhecido como Jão, ele entregou uma apresentação com muita comunhão com suas fãs. Foi um show em que a grade estava tomada por adolescentes (ou pouco mais que isso), que se emocionaram e acompanharam Jão em todas as músicas.
Em atividade desde 2016, acumula três discos lançados: Lobos (2018), Anti-Herói (2019) e Pirata (2021). Contando com uma voz doce e uma sonoridade pop e leve, mas abordando desamores em letras bastante identificáveis, Jão costuma promover uma catarse coletiva sobre a dor de cotovelo. É um show de popstar.
Depois de Santo, a apresentação prosseguiu com o ska Vou Morrer Sozinho, em que Jão demonstrou muita afinação e desenvoltura — deslizando e dançando com leveza pelo palco. Então, o cantor sentenciou:
— Muito feliz por estar aqui hoje. Vamos entregar um show impecável! Que todo mundo fique muito confortável para expressar quem é de verdade. Pular como quiser, beijar quem quiser. O show é de vocês!
Após Amor Pirata, Jão fez um convite :
— Bora sofrer um pouquinho.
Então, ele cantou Me Beija com Raiva, que fala sobre um relacionamento conturbado, em que "Amar é muito melhor que ter razão". E, na sequência, lamentou sobre um ex-amor em Acontece.
Ao anunciar Essa Eu Fiz Pro Nosso Amor, que versa sobre boas recordações ("Essa eu fiz pra todo show lotado em que eu perdi a letra/ Porque eu pensei em você/ Essa eu fiz pra cada estrela linda/ Que por baixo da língua você me fez ver"), o público vibrou. Foi a hora de tirar o pé do chão no refrão.
Os pulos prosseguiram com Exagerado, cover de Cazuza. Aliás, Gloria Groove também tinha tocado trecho dessa canção na noite anterior. Há artistas que seguem contemporâneos, década após década.
Como se fosse uma micareta da sofrência, os planetários seguiram saltando em Não Te Amo ("Me dizem "o mundo 'tá nas suas mãos"/ Deixei escapar então/ Não, é claro que eu não te amo/ Mas tentar te esquecer já é lembrar de nós/ E se eu lembrar, não me responde/ Eu juro, eu não te amo, eu só bebi demais"), em um letra de expurgação de ex.
Depois A Rua, as fãs clamaram:
— Jão, tesão. Bonito e gostosão!
Ele se divertiu:
— Estava demorando. Achei que não estava gostoso hoje.
Uma fã na grade ao lado da reportagem confirmou:
— É muita gostosura!
Carismático, Jão distribuiu e negociou baquetas com as fãs, lendo cartazes. Enquanto isso, uma mesa com banquete foi montada.
Com o cantor e sua banda à mesa, rolou uma palinha de Say My Name, de Destiny's Child, para preparar o terreno para a catártica VSF, que desabafa sobre um relacionamento tóxico. Também coube um trecho de Imaturo na sequência.
Depois de Coringa e Meninos e Meninas — aqui ele se enrolou na bandeira da bissexualidade —, Jão anunciou que era o último show do disco Pirata e que ia se resguardar um pouco para o próximo álbum. Então, cantou o hit e viral de TikTok Idiota. Com o público pulando e cantando alto, ou até se filmando ao mesmo tempo, o Carnaval da sofrência chegou ao fim, com direito a chuva de papéis picados.