Recém-saído de um julgamento polêmico por difamação, o ator americano Johnny Depp começa a mostrar que sua carreira criativa voltou à normalidade. Nestasexta-feira (15), ele lançou um álbum com o guitarrista inglês de rock e blues Jeff Beck.
Intitulado 18, o trabalho traz 13 faixas, em que Depp canta e toca, principalmente, versões de músicas de outros artistas.
É pouco provável que o álbum ocupe um lugar de destaque no repertório de Beck, ex-integrante dos célebres The Yardbirds britânicos, de 78 anos. Aos 59 anos e após muitos cigarros, Depp faz grandes esforços com as cordas vocais, e Jeff Beck, 78, faz malabarismos com sua guitarra.
O álbum inclui canções como Isolation, de John Lennon, What's going on, de Marvin Gaye , e Venus in furs, da banda Velvet Underground. Também há espaço para canções originais, como This is a song for miss Hedy Lamarr, em que o ator presta homenagem à estrela de Hollywood.
Apesar de ter vencido o processo contra sua ex-mulher, Depp parece continuar ruminando amargamente a condição humana, ao cantar que não acredita em seus semelhantes e descrever Lamarr como uma mulher "apagada pelo mesmo mundo que fez dela uma estrela".
A atriz de origem austríaca triunfou em Hollywood, mas também foi destaque como inventora quando colaborou com o exército americano durante a Segunda Guerra Mundial.
Algo que pode parecer estranho para alguns é a inclusão de uma música centrada no sadomasoquismo, uma vez que o julgamento altamente noticiado que Depp enfrentou se concentrou em supostos abusos domésticos entre ele e a ex-mulher, Amber Heard, atriz mais conhecida por seu papel em Aquaman.
Depp e Amber lavaram roupa suja durante as seis semanas de duração do processo, que desde o primeiro dia se converteu em um espetáculo na mídia. O júri acabou dividindo a culpa, mas a sentença concedeu ao ator de Piratas do Caribe uma indenização de US$ 10 milhões, enquanto Heard obteve apenas US$ 2 milhões.
A atriz, que se apresentou como vítima de violência doméstica durante o julgamento, prometeu seguir batalhando, embora seu primeiro recurso tenha sido rejeitado recentemente.
Roqueiro até o final
O rock não é uma novidade na vida de Johnny Depp, muito pelo contrário. Agora ator bilionário, ele já contou em mais de uma ocasião ter começado sua carreira na indústria do espetáculo com a ideia de se tornar guitarrista.
Fez parte de um grupo, os Bad Boys (mais tarde convertidos em The Kids), e até chegou a ser banda de abertura para Iggy Pop, mas logo confessou que se deixou ser convencido pelo ator Nicolas Cage a também virar ator.
Ao longo dos anos, Johnny Depp tem entrado e saído da cena musical. Seu grupo Hollywood Vampires, ao lado de Alice Cooper e Joe Perry, guitarrista do Aerosmith, tocou em diversas ocasiões.
Sintonia
Beck e Johnny Depp se conheceram em 2016, ganhando confiança ao discutirem "sobre carros e guitarras", antes de o último dizer que começou a apreciar "as sérias habilidades de composição de Depp e seu ouvido para a música". Para este álbum, começaram a trabalhar em 2019, antes do início da pandemia nos Estados Unidos.
— Quando Johnny e eu começamos a tocar juntos, (...) tivemos a sensação de ter 18 anos novamente. Então esse foi o título do álbum — explicou recentemente Beck, que está em turnê pela Europa com Depp como convidado especial.
Além da turnê, Depp voltará aos sets neste verão. Sob a direção da atriz francesa Maïwenn, ele interpretará o rei francês Luis XV. O filme conta a relação do monarca com sua amante, a condessa du Barry. A princípio, as filmagens durarão três meses e terá Versalhes como locação.