Ex-integrantes do Cidade Negra, o baterista Lazão e o guitarrista Da Ghama rebateram as acusações de Toni Garrido feitas na última quinta-feira (14), ao g1. O vocalista expôs que, nos últimos anos, o grupo vem enfrentando uma disputa pelo uso do nome e relatou também agressões e roubo de instrumentos por parte de Lazão.
Atualmente, a banda de reggae terminou e seguirá como uma dupla, formada por Toni e pelo baixista Bino Farias. Já Lazão e Da Ghama estão em turnê com o projeto Originais Cidade, acompanhados do vocalista Ras Bernardo.
Em relação às brigas com Toni e Bino, que teriam começado em 2014, Lazão negou ser o único agressor. Ele lembrou um episódio que ocorreu em 2015, em Porto Alegre, quando o baixista disse ter levado um soco no nariz, e afirmou que suas ações foram em "legítima defesa".
— Eu disse: "Não vou brigar com você porque você não tem condições de brigar comigo. Eu treino jiu-jitsu desde os anos 1990. Eu sei me defender, tenho equilíbrio, emocional". Quando ele chegou perto de mim, eu disse que não ia brigar. Ele me agarrou por trás, eu empurrei ele, que caiu em cima de uma mesa — relatou.
Segundo o baterista, neste momento, pessoas vieram segurá-lo e "Bino não estava nem perto".
— Eu vi o Toni me dando um soco na costela, eu sendo segurado, vi o rosto dele cruzar pro lado esquerdo onde direcionei um soco de mão fechada para pegar no rosto. Eu vi que iria pegar e fazer um estrago. Eu sou tão confiante naquilo que eu faço, que na hora que eu vi que ia pegar, eu abri a mão e dei um tapa no rosto dele. Então, ali virou uma ira —desabafou Lazão.
Da Ghama também se pronunciou sobre o ocorrido:
— Foi uma briga de dois homens, é uma situação que acontece no mundo da música pop. É importante deixar claro que houve uma agressão de ambas as partes.
Venda de instrumentos
Lazão comentou ainda a acusação de que teria roubado equipamentos e vendido:
— Eu nunca roubei nada, mas vendi, sim, cinco instrumentos dele que estavam podres, comidos de cupim, para pagar uma conta de luz e botar comida na mesa da minha família. Eu vendi tudo, moto, bicicleta, as coisas do estúdio. Não tinha mais nada para vender.
Ele disse que, na época, estava com problemas financeiros e que não recebeu "nem R$ 5 mil" com a venda.
— Foi acabando tudo na minha casa, luz cortada, eu peguei três violões dele comido de cupim, e duas guitarras sem cordas, sem captador, já tudo comido... o cara falou: "Irmão, se eu comprar essa guitarra eu vou gastar muito mais na revisão dela, colocando captadores novos, e esses violões eu vou ter que levar no luthier. Mas você é meu amigo" (...) Eu vendi porque tiraram o pão da minha família, meu sustento de 35 anos.
Segundo ele, Toni Garrido fez shows solo e por isso não tinha tempo para sair em turnê e fazer lives com a banda. Segundo Lazão, isso seria o mesmo que "fazer caixa 2". Ele também diz que queria gravar mais músicas, mais álbuns, e Garrido não queria.
Ao g1, o cantor negou e disse que Lazão é quem não quis ir ao estúdio gravar novas músicas:
— Ser chamado de ladrão, desculpa, mas quem estava fazendo caixa 2 não sou eu.
Disputas por nome
Ainda conforme o g1, Toni Garrido está registrado como dono do nome Cidade Negra no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). Bino declarou que foi ele quem sugeriu o nome da banda e que o registro foi feito anos depois por Toni após uma reunião em que Lazão estava presente.
Toni alegou que foi escolhido para registrar o nome por ser o único sem pendências judiciais entre os então três integrantes. O cantor também disse que vai criar uma empresa para que ele e Bino sejam donos da marca Cidade Negra.
Segundo Nehemias Gueiros Jr, advogado de Lazão, Ras Bernardo e Da Ghama, Toni teria feito shows solo com o nome e não tem direito a usá-lo. "Quem se apropriou da marca sem ser fundador e violando um contrato assinado foi Toni Garrido", diz o advogado. Toni nega que tenha se apropriado da marca.
Conforme o advogado, o vocalista e Bino assinaram um contrato em que ficou definido que a marca Cidade Negra só poderia ser usada com os outros três membros.