O cantor Toni Garrido decidiu expor problemas enfrentados pelo Cidade Negra nos últimos anos. A banda de reggae terminou e seguirá como uma dupla, formada pelo vocalista e pelo baixista Bino Farias. Os músicos, porém, relatam que convivem com disputa pelo uso do nome, agressões e roubo de instrumentos.
Tanto as agressões quanto o roubo teriam sido praticados por Lazão, ex-baterista do grupo, conforme contaram Garrido e Bino em entrevista ao portal g1, publicada nesta sexta (14). Eles relataram que as "violências" começaram a ocorrer em 2014.
— O Lazão começou a ficar violento, dentro do próprio grupo, com a gente. Então, um dia ele me deu um soco no olho que rasgou meu olho e saiu sangue — contou. — Um dia ele deu um soco na cara do Bino. Ele foi fazendo milhões de coisas. A banda, equipe técnica acompanhando aquilo tudo... e me perguntando "Toni, você não vai fazer nada? Ele não pode fazer isso, ele tá louco, ele tá pirado" — acrescentou.
Na mesma entrevista, Bino relatou uma agressão que teria ocorrido em Porto Alegre, em 2015. Lazão não teria ido "passar o som" e, depois do show, comentou com um técnico que "o som dele não estava bom".
— O Toni simplesmente comentou "Pô, Lazão, por isso que é importante sempre se passar o som" — disse Bino. — Rolou uma agressividade dele do nada. E quando eu fui tentar separar uma situação que já estava passando... Foi uma agressão, o soco que ele deu na direção do Toni pegou na minha boca aqui, no nariz. Quando eu olhei no espelho, tinha um espelho grandão dentro do camarim, e meu nariz saindo sangue — completou.
Instrumentos vendidos
Em outro trecho da entrevista, os dois músicos afirmaram que Lazão vendeu equipamentos sem autorização - o que, para Garrido, seria a "a parte mais horrível" da história. De acordo com ele, isso teria ocorrido durante a pandemia e o material em questão estava na casa do baterista, pois era lá que o grupo costumava ensaiar.
O vocalista, então, teria pedido para um engenheiro de palco buscar os equipamentos e foi impedido de entrar na residência por cerca de um mês. Ao ter acesso, descobriu que os instrumentos não estavam no local. Lazão teria dado uma série de desculpas até, por fim, admitir a venda - o que Garrido garante ter registrado em áudio.
— Por que não vendeu as coisas dele? É o meu equipamento que eu trabalhei, tem uma guitarra verde que eu adoro, que eu passei a vida inteira atrás de uma guitarra verde... e ele foi lá... viajei o mundo até conseguir aquela guitarra. Ele vendeu — comentou o cantor.
Disputa por nome
Toni Garrido está registrado como dono do nome Cidade Negra no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Segundo Bino, ele foi o responsável por inventar o nome, mas o cantor fez o registro após uma decisão tomada em reunião com a presença deles e de Lazão.
Questionado pelo g1 se Lazão, Ras Bernardo e Da Ghama confirmavam a história da criação do nome, o advogado dos músicos, Nehemias Gueiros Jr, respondeu: "Que traga as testemunhas e prove isso".
Garrido, por sua vez, alegou que foi escolhido para registrar o nome por ser o único sem pendências judiciais dentre os então três integrantes. O pedido foi feito em dezembro de 2018 e concedido em novembro de 2019. O cantor também disse que vai criar uma empresa para que ele e Bino sejam donos da marca Cidade Negra.
Ao g1, o advogado de Lazão, Ras Bernardo e Da Ghama afirmou que ele e os três músicos buscam "uma reorganização da legalidade da situação". "Toni tem vários atributos positivos, canta bem, tem boa performance de palco. Mas ele nunca foi nem será o dono da marca. O ato de registrá-la somente em seu nome foi desleal. Há uma ação na Justiça Federal contra o INPI", disse.
O trio segue na ativa com outro projeto, chamado Originais Cidade.