Anitta celebra nesta terça-feira (12) o lançamento de seu quinto álbum de estúdio. Para alguns, pode ser somente mais um trabalho da funkeira — mas a verdade é que Versions Of Me, primeira produção da artista com a Sony Music, consagra a cantora como uma das poucas brasileiras a conquistar tanta relevância no mercado internacional. Mas, afinal, como Larissa de Macedo Machado conseguiu passar da Furacão 2000 até o topo da Billboard Global com Envolver?
Nem ideia do que estava por vir
Anitta começou a publicar vídeos cantando e dançando no YouTube. A partir daí, foi descoberta pelo DJ Renato Azevedo, conhecido como Batutinha, produtor de som da Furacão 2000. Ao fazer o teste de palco, impressionou a equipe e passou a trabalhar com a gravadora em 2010, lançando o single promocional Eu Vou Ficar e a música Fica Só Olhando.
A questão é que Batutinha não foi o único a ver potencial na artista. A empresária Kamilla Fialho também quis fechar uma parceria com Anitta e chegou a pagar R$ 226 mil para liberar a cantora da Furacão 2000, segundo informações do jornal O Globo. Logo depois, pagou outros R$ 40 mil para gravar o clipe de Meiga e Abusada — que virou hit no Brasil inteiro em 2012.
O sucesso rendeu ótimos frutos e Anitta acabou assinando com a Warner Music Brasil. E então veio a canção divisora de águas: Show das Poderosas, que mobilizou o país inteiro para aprender a sua coreografia. Foi também nesta época que a cantora popularizou o "quadradinho", cuja autoria gera controvérsias mesmo nos dias de hoje.
Nos anos seguintes de sua carreira, Anitta focou no Brasil. Entre seus feitos, estão a marca de 1 milhão de visualizações do clipe Na Batida cerca de 24 horas após o lançamento no YouTube, o topo do Spotify Brasil com Deixa ele Sofrer e o fato de que seu álbum Bang foi certificado como disco de ouro.
Red light, yellow light, green light, switch!
Em 2016, a cantora começou a dar seus primeiros importantes passos internacionais: participou de um remix da música Ginza, de J Balvin, com quem mais tarde lançaria a envolvente Downtown e a chiclete Machika. Depois, apostou na parceria com o colombiano Maluma em Sim ou Não para estourar na América Latina de vez e chegou a participar de um show do tenor italiano Andrea Bocelli.
Sem largar de mão do Brasil, Anitta iniciou o ano seguinte com participação em Loka, da dupla Simone e Simaria. Semanas depois, outro hit: Você Partiu Meu Coração, do Nego do Borel com participação da artista e de Wesley Safadão.
No entanto, 2017 foi especialmente marcado pelo lançamento da primeira participação em inglês de Anitta, Switch, de Iggy Azalea. Envolto em polêmicas, o clipe da música foi vazado e a artista australiana acabou desistindo de tentar regravá-lo, proibindo que o material fosse divulgado no YouTube. Até hoje as duas cantoras não se falam, devido a desentendimentos que aconteceram ainda nos bastidores da gravação.
Mas nada abalou Anitta. Um mês depois, ela estava ao lado de Pablo Vittar cantando Sua Cara, de Major Lazer, que foi parar no top de músicas eletrônicas/dance da Billboard. Já mais perto do final daquele ano, em setembro, anunciou o checkmate, projeto que a faria lançar um single por mês até dezembro. Dali, surgiram canções como Is That For Me, com Alesso — cujo videoclipe gerou controvérsias pelo figurino utilizado pela equipe da cantora —, Downtown e Vai Malandra, funk com participação de Mc Zaac, Tropkillaz e do rapper americano Maejor.
Em comparação com outros períodos, 2018 pode até parecer um pouco mais calmo. Mas vale lembrar que foi naquele ano que Anitta lançou as músicas em espanhol Machika e Medicina. Esta última, inclusive, com clipe gravado em diversas partes do mundo e vencedor do Latin American Music Awards como clipe do ano. Brincando de ser trilíngue, também disponibilizou seu EP Solo, contendo as músicas Veneno, em espanhol, Não Perco Meu Tempo, em português, e Goals, em inglês.
Kisses, Madonna e briga com Ludmilla
O ano de 2019 escancarou para todo mundo que Anitta já era uma artista bastante internacional. Lançou Terremoto, com Mc Kevinho, mas também participou com Rita Ora na canção R.I.P, de Sofía Reyes. Ela ainda disponibilizou seu álbum trilíngue Kisses, que contou com participação de Papatinho, o americano Swae Lee e rendeu até briga com Ludmilla por conta da autoria da faixa feita com colaboração dela e de Snoop Dogg, Onda Diferente.
Na metade do ano, a funkeira participou do 14º álbum da rainha do pop. Isso mesmo, Madonna chamou a brasileira para fazer uma participação em Madame X, na canção Faz Gostoso. Ainda por cima, a cantora lançou Explosion, com o grupo Black Eyed Peas. Em novembro, mais um funk para os brasileiros: Combatchy, com participação de Lexa, Mc Rebecca e Luísa Sonza.
Girl From Rio e as versões de Anitta
Um ano depois de Kisses, Anitta anunciou que estava preparando seu quinto álbum. Em setembro de 2020, lançou Me Gusta, uma parceria com Cardi B e Myke Towers que se provou bem-sucedida ao fazer com que a artista entrasse pela primeira vez na Billboard Global. Ao contrário de Tócame, com participação de Archangel e De La Ghetto, Me Gusta viria a fazer parte do Versions of Me.
O problema é que, em 2021, Anitta lançou Girl From Rio — que a princípio, ditaria a estética e seria a faixa-título de seu novo álbum. Enquanto fãs eram abastecidos de singles como Envolver, No Chão Novinha e Faking Love, com participação de Saweetie, eles esperavam mais novidades da cantora em relação à nova produção.
A Europa também pôde celebrar a presença de Anitta. Saindo do eixo América Latina-Estados Unidos, a cantora colaborou com o francês Dadju em Mon Soleil e fez história ao emplacar sua primeira canção no top 10 das músicas mais ouvidas na França. Já na Itália, participou de Paloma e Un Altro Ballo, de Fred De Palma.
No início de 2022, Anitta assinou com a Sony Music e se jogou completamente no pop americano, trazendo uma sonoridade e visual até então inéditos para a carreira da cantora em Boys Don't Cry. Depois, Envolver começou a tomar as paradas musicais — e o brasileiro, sem aceitar menos do que o topo, começou a mobilizar-se para tornar a canção a mais ouvida do Spotify e, por fim, da Billboard Global. Graças aos fãs, famosos e tanta comoção por aqui, Anitta acabou se tornando a primeira cantora nacional a conseguir esses marcos.
Em 31 de março, Anitta anunciou Versions of Me e a lista de suas músicas. Novamente, trata-se de um álbum trilíngue, no qual a artista vai sem medo do raggaeton ao pop e ao funk — com direito a feat com o falecido Mr. Catra. Mas apesar de nem mudança no nome, nem a capa ter agradado alguns fãs, é certo que Anitta conseguiu chegar onde poucos brasileiros foram — e está cada dia mais próxima de conquistar a desejada fama mundial.