Depois de muito ensaio, o ano de atividades começou para a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA). Foi lançada a programação oficial da instituição vinculada à Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) para a temporada 2022, que terá o seu início neste sábado (12), na Casa da Ospa (Av. Borges de Medeiros, 1.501 - Centro Administrativo Fernando Ferrari - Porto Alegre), a partir das 17h, com o concerto Sinfonia Titã, que terá a participação do pianista Eduardo Monteiro como solista convidado. Este, porém, é o primeiro acorde de uma música cheia de novidades que será tocada durante os próximos meses.
A apresentação das atrações do ano aconteceu na noite de segunda-feira (7), em uma live que contou com a presença do maestro e diretor artístico da instituição Evandro Matté, da secretária-adjunta de Cultura do Rio Grande do Sul, Gabriella Meindrad, e do presidente da Fundação Ospa, Luis Roberto Ponte, além do Quarteto de Cordas da Ospa, que levou música aos espectadores, entre um anúncio e outro.
— É a Ospa em tempo futuro. Este ano será marcante para nós. Nós vamos inaugurar o que denominamos de Complexo Cultural Casa da Ospa. Lá em 2018, inauguramos a Sala de Concertos, no final do ano passado, inauguramos a belíssima Sala de Recitais. Mas, a partir deste ano, inauguraremos o complexo. Entregaremos para a sociedade uma estrutura que vai levar a Ospa, cada vez mais, a um futuro brilhante. E a sua programação também foi pensada desta forma — enfatizou Matté.
Gabriella Meindrad fez questão de destacar os investimentos feitos pela Sedac na área cultural do Estado — inclusive, para a própria Ospa. Segundo ela, é "motivo de muito orgulho" que o complexo venha recebendo as melhorias necessárias para que haja, ainda mais, a valorização da música de concerto em solo gaúcho.
— E chegar neste anúncio, em que a orquestra passará por inúmeros municípios, gera uma expectativa muito grande e leva emoção aos corações das pessoas. Nestes dois anos, em que tivemos todos os eventos cancelados, ter esse retorno com a Ospa, com certeza, fará história e diferença na vida das pessoas — destacou Gabriella.
Ponte, por sua vez, reforçou o trabalho em conjunto que faz com que o grupo siga sendo referência na área:
— Uma orquestra é o símbolo do trabalho coletivo. São 112 músicos, mas nós temos só 20 pessoas que compõem a estrutura de funcionamento desta orquestra. É um orgulho, talvez seja um exemplo para o país, uma orquestra enxuta, com qualificação que todos nós conhecemos. E esse trabalho que encanta o povo e, desse trabalho coletivo, é com o aplauso de vocês que incentiva os músicos, colocando-os mais próximos de Deus.
O que vem por aí
Sinfonia Titã abre os trabalhos presencialmente na Casa da Ospa, mas, também, poderá ser visto em transmissão ao vivo pelo canal da orquestra no YouTube e pela plataforma #CulturaEmCasa. Na apresentação, o pianista Eduardo Monteiro interpretará Concerto para Piano nº 2 em Ré Menor, Op. 40, de Felix Mendelssohn (1809 – 1847), e Sinfonia nº1 - Titã, de Gustav Mahler (1860 – 1911). O concerto também terá uma homenagem especial à Escola de Música da Ospa, que completa 50 anos em 2022.
Durante a apresentação da temporada, Matté enfatizou que a programação é extensa, mas fez questão de ressaltar alguns dos destaques que farão parte do ano da Ospa.
— As nossas séries de concertos são divididas de várias formas. O objetivo é diversificar a programação e atender a distintos públicos. Sabemos que aqui na Casa da Ospa é um público mais ligado e que segue aquela música de concerto tradicional, mas nós temos outras séries também, que nós vamos levar para o Interior, para o Theatro São Pedro, para a Orla do Guaíba — pontuou o maestro.
Entre os destaques, a lista de convidados apresenta nomes consagrados em todo o mundo e que pisarão no palco da Casa da Ospa. Em 28 de maio, a mezzo-soprano venezuelana Nancy Fabiola Herrera, que se apresentou diversas vezes com Plácido Domingo em grandes casas de ópera da Europa, será a solista no concerto Uma Vida de Herói, de Richard Strauss (1864-1949).
Dentro da série Casa da Ospa, que terá 24 concertos ao longo do ano, o maestro italiano focado em ópera Evelino Pidò fará a regência de uma apresentação em 16 de julho. Já violinista da Romênia Liviu Prunaru mostrará a sua arte em 6 de agosto. O tenor porto-alegrense radicado na Alemanha Martin Muehle, que está circulando pelas maiores salas de ópera do mundo, soltará a voz em 27 de agosto, dentro do espetáculo Gala Lírico. No dia 3 de setembro, o brasileiro radicado na Suíça Antônio Meneses, a quem Matté considera um dos grandes nomes da atualidade entre os violoncelistas, será destaque no concerto Ospa Em Tempo Futuro.
Também na agenda, terão concertos especiais, como a ópera O Morcego, de Johann Strauss II (1825 - 1899), no Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/nº - Centro Histórico), uma apresentação especial pelo bicentenário da independência do Brasil, com a orquestra montada na escadaria da Igreja Nossa Senhora das Dores (Rua dos Andradas, 587 - Centro Histórico) e uma em comemoração aos 250 anos de Porto Alegre, na Orla do Guaíba, em parceria com a prefeitura.
Durante o ano, também, haverá o especial Notas de Concerto, que apresentarão preleções sobre as obras da temporada da Ospa. Ao longo de 2022, a orquestra convida especialistas para falarem sobre o repertório de cada concerto, aproximando a música e o público. As palestras serão curtas e gratuitas, aos sábados, sempre às 16h, na Sala de Recitais, pouco antes dos concertos da série Casa da Ospa. O primeiro convidado, em 12 de março, é Francisco Marshall, professor da UFRGS, pianista e ativista cultural.
Outra novidade anunciada por Matté é o Ospa pelo Mundo, com três concertos neste ano que fazem parte de uma atividade maior. O público será convidado a ir para a Casa da Ospa, sempre às 14h, com recitais, apresentações externas, de música, teatro ou dança, com foco em um país. A primeira incursão será na França, em parceria com Aliança Francesa. O concerto da orquestra, às 17h, terá o repertório dedicado ao país homenageado. O pós-concerto também contará com atividades. Argentina e Brasil serão as outras duas nações temáticas - com Estética do Frio IV, de Celso Loureiro Chaves, em dezembro, no especial brasileiro.
Entre outros pontos ressaltados na apresentação, teve um vídeo mostrando como está o Complexo Cultural Casa da Ospa, que deve ser entregue ainda neste ano. Também haverá um ciclo especial dedicado a Johannes Brahms, marcando os 125 anos da morte do compositor. Em novembro, a Ospa retomará um concerto alusivo ao Dia da Consciência Negra, sob regência de Sarah Higino e com solo mezzo-soprano Mere Oliveira.
— A Ospa cresceu muito nos últimos anos e a sua qualificação também, e nós precisamos levar isso para outros lugares — contou Matté.
Por isso, a Ospa irá circular. Em abril, a orquestra fará uma incursão pelo interior do Estado, começando por Panambi (1º) e, na sequência, Ijuí (2). Em outubro e novembro, o grupo novamente se apresentará por outras cidades do Rio Grande do Sul, mas ainda falta definir quais. Em 10 de julho, pela primeira vez na história, os músicos tocarão no prestigiado Teatro Colón, de Buenos Aires, na Argentina. Já em 14 de agosto, será a vez de levar a música de concerto gaúcha para Sala São Paulo, na capital paulista.
Também foi anunciado um novo CD da Ospa e três concertos dedicados para a série Pop — com o primeiro dedicado para as músicas de cinema (em 30/04 e 1º/05). Na sequência, vem uma apresentação com os clássicos do jazz (23/07), com a presença da cantora norte-americana Tia Caroll, e o espetáculo Rock em Concerto (24/09) encerra o especial.
— A Ospa tem uma função extremamente importante em ser uma fundação pública. Nós temos grande parte dos nossos espetáculos gratuitos. Aqueles que são pagos, são extremamente acessíveis. E nós contamos com a participação de todos aqui durante todo este ano. São poucas as atividades culturais, hoje, com o acesso facilitado que a Ospa oferece — destacou Matté.
A programação completa do ano da Ospa pode ser conferida no site da Ospa. Os ingressos para a programação de março podem ser adquiridos pela plataforma Sympla.